O que leva jovens a abrirem fogo em escolas?
Tragédias como as da escola de Suzano chamam atenção para questões emocionais e bullying
O ataque à escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, deixou ao menos 10 mortos nesta quarta-feira (13). Após atirar nos estudantes e funcionários, os atiradores, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, ambos ex-alunos da escola, se mataram ainda dentro do colégio.
Massacres com armas de fogo em escolas acontecem com frequência nos Estados Unidos. De acordo com a BBC, o ano passado foi o mais mortal em relação a esse tipo de ataque, com 113 vítimas. No Brasil, casos parecidos já aconteceram pelo menos 8 vezes. O mais emblemático foi o de Realengo, no Rio de Janeiro, ocorrido 2011, em que 12 pessoas morreram. E o que leva jovens a abrirem fogo em escolas?
Várias ciências podem especular sobre as causas e motivos que levam jovens a fazer isso. Nesses casos, é necessário traçar o perfil psicológico dos atiradores e entender se sofriam algum transtorno mental psicótico. Históricos de bullying também são comumente ligados a reações violentas como essa.
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O fato de a escola ter sido escolhida como cenário para o crime poderia ser um indicativo da existência de algum problema dos atiradores com o ambiente escolar. Mas, segundo o secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, ainda é cedo afirmar isso, já que ainda não se conhece o perfil dos atiradores. “Sobre Luiz Henrique, não temos o acesso nem ao histórico escolar. Já sobre Guilherme, conversamos com professores, mas não soubemos de nada que poderia despertar esse comportamento”, afirmou.
Nas redes sociais atribuídas a Guilherme e Henrique, as fotos revelam admiração por armas de fogo. Pouco tempo antes do ataque acontecer, o perfil de Guilherme Taucci havia sido atualizado com 30 fotos em que ele aparecia vestindo a mesma roupa usada no crime.
Em uma das fotos, Guilherme apontava seu dedo para a cabeça, em um sinal de arma. Nas demais, estava com uma bandana de caveira na boca e com uma arma apontando para a câmera.
A psicóloga Roselene Espírito Santo Wagner busca na Psicanálise uma possível explicação e aponta o bullying como um dos motivos desencadeadores de massacres como esse. “Dentro da teoria psicanalítica, a gente toma como base os extremos e os opostos, lidamos com um mundo paradoxal que nos habita. Geralmente são pessoas fracas e oprimidas que não são vistas pela sociedade, também pessoas que sofrem bullying. Pessoas que estão sempre nos bastidores e nunca são protagonistas. É como se fosse seu último ato. É o momento do fraco se fazer forte. Ele entra com uma cena apoteótica descontando toda dor e invisibilidade.”
Para o filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu, que já escreveu diversas teorias sobre temas como bullying e comportamento infanto-juvenil, a solução para se evitar tais tragédias está em casa e na escola. “Essa sociedade “avançada” em que a internet é a companheira inseparável e que o trabalho está à frente da família, a falta de atenção aos jovens coloca em risco suas atitudes”.
Para evitar tragédias como essa, Abreu também defende uma educação socioemocional nas escolas e a presença de mais psicólogos para atendimento individual dos estudantes.