Entenda o que muda com a nova recomendação sobre aspirina
Entidade dos EUA diz que riscos de tomar o medicamento diariamente superam os benefícios para certos grupos
Por muito tempo, uma aspirina em dose baixa diária era recomendada para a saúde do coração, mas recentemente a Força-Tarefa de Serviços Preventivos, uma organização importante dos EUA, levantou dúvidas sobre os benefícios e anunciou novas recomendações sobre o uso do medicamento.
Os especialistas divulgaram um rascunho atualizado ainda não oficial aconselhando adultos com 60 anos ou mais a não começarem a tomar aspirina para proteger seus corações, a menos que essas pessoas tenham histórico de AVC ou ataque cardíaco. Nesses casos, devem utilizar com o aval do médico.
A atualização da força tarefa também orienta que adultos na faixa dos 40 e 50 anos só tomem aspirina como medida preventiva se seus médicos determinarem que eles têm maior risco de doenças cardíacas e que a aspirina pode diminuir o risco sem risco significativo de sangramento.
A orientação anterior de 2016 não se referia a ninguém com menos de 50 anos.
Mas o que está por trás das mudanças?
O grande risco apontado pela organização é de um possível efeito colateral que é o risco aumentado de hemorragia.
“O uso diário de aspirina pode ajudar a prevenir ataques cardíacos e derrames em algumas pessoas, mas também pode causar danos potencialmente graves, como hemorragia interna”, diz o comunicado.
Por que aspirina ajuda a proteger o coração?
A aspirina atua como um anticoagulante, o que significa que ajuda a prevenir a formação de coágulos sanguíneos. Um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo para o coração desencadeia um ataque cardíaco. Já quando interrompe o fluxo sanguíneo para o cérebro, causa um derrame.
A ideia por trás de tomar uma aspirina em baixas doses diariamente era diminuir o risco de tais coágulos, diminuindo o risco de ataque cardíaco ou derrame.
Mas o mesmo mecanismo que permite que a aspirina impeça a formação de coágulos sanguíneos também pode aumentar o risco de sangramento de uma pessoa, porque evita que o sangue coagule no local de um ferimento.
Estudos mais recentes consultados pela força-tarefa descobriram que, para a maioria das pessoas saudáveis, o risco de sangramento causado pela aspirina supera os benefícios da prevenção de coágulos sanguíneos.
Por esse mesmo motivo, outros grupos, como a American Heart Association e o American College of Cardiology, já haviam apontado para os riscos de tomar diariamente aspirina, desaconselhando a prática preventiva.