O que realmente causa solidão? Ciência derruba mito do isolamento
Estudo mostra que sentir-se sozinho está mais ligado às relações sociais do que ao tempo passado em confinamento
A solidão é reconhecida como um dos grandes desafios de saúde pública, associada a problemas como depressão, distúrbios do sono, doenças cardiovasculares e até risco aumentado de morte precoce. No entanto, pesquisas recentes sugerem que a solidão não deve ser confundida com isolamento físico.
Um estudo publicado no Journal of Economic Behavior & Organization analisou dados de mais de 17 mil pessoas acompanhadas durante cinco anos na Austrália. Os resultados mostraram que viver em confinamento ou passar longos períodos sem contato presencial não significa, necessariamente, sentir-se solitário.
O que a pesquisa revelou
Os pesquisadores avaliaram como mudanças nas circunstâncias de vida afetavam os sentimentos de solidão, especialmente durante os lockdowns da pandemia de COVID-19. Os resultados indicaram que o número de dias em isolamento não teve impacto significativo nos níveis de solidão.
Outro ponto importante foi que jovens e pessoas extrovertidas foram os grupos mais afetados pela falta de interações presenciais, enquanto fatores como renda, tipo de moradia e proximidade de áreas não confinadas não alteraram substancialmente os resultados.

A importância da comunidade e das interações sociais
O estudo também destacou que a qualidade das interações sociais, mesmo que virtuais ou por telefone, exerce papel fundamental na redução da solidão. Ter acesso à internet, por si só, não é suficiente; o que faz diferença é como esse recurso é utilizado para manter vínculos significativos.
Além disso, pessoas que relataram satisfação com sua comunidade apresentaram menores níveis de solidão, reforçando a importância do suporte social e de laços comunitários.
Implicações para a saúde pública
As descobertas desafiam a visão de que solidão e isolamento físico são equivalentes. Para especialistas, políticas públicas e ações de saúde mental devem priorizar estratégias que incentivem conexões sociais de qualidade, em vez de apenas combater o distanciamento físico.
Promover ambientes comunitários saudáveis e incentivar interações significativas pode ser decisivo para reduzir a solidão e melhorar o bem-estar geral.