Orelha de abano: muito além da estética, saiba o real impacto desta condição
A "orelha de abano" pode impactar a autoestima, especialmente na infância, levando a insegurança e isolamento social
A chamada “orelha de abano” é um termo popularmente utilizado para descrever a condição em que as orelhas se projetam para fora.
Embora muitas vezes seja tratada apenas como um fator estético, a “orelha de abano” pode ter um grande impacto social e emocional, principalmente em crianças e adolescentes.
O que causa a “orelha de abano”?
O médico otorrinolaringologista Dr. Gilberto Ulson Pizarro, do Hospital Paulista, referência na saúde de ouvido, nariz e garganta, explica que essa condição ocorre devido a uma má formação da cartilagem da orelha, que pode ser genética ou uma característica de síndromes específicas.
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“As causas da ‘orelha de abano’ podem variar, mas geralmente envolvem uma má formação na gestação ou uma característica genética familiar”, esclarece o médico.
A condição pode se manifestar já no nascimento, porém é mais notada conforme a criança cresce e começa a interagir com outras pessoas, sendo muitas vezes alvo de brincadeiras e apelidos.

Como funciona a cirurgia?
A otoplastia, cirurgia estética para corrigir a “orelha de abano”, é recomendada principalmente entre os 7 e 9 anos, fase em que a criança já percebe as diferenças em relação aos colegas e pode sofrer com o bullying.
“Normalmente, é a própria criança que pede para realizar a cirurgia, o que facilita o processo, pois ela acaba colaborando muito com o tratamento”, destaca Dr. Gilberto.
A cirurgia consiste em remodelar a orelha, seja diminuindo a concha ou corrigindo a cartilagem, para que as curvaturas da orelha se tornem mais naturais e proporcionais ao rosto.
Dr. Gilberto também aborda o impacto emocional que a “orelha de abano” pode causar, principalmente no contexto social. “A principal dificuldade é o estigma social. As crianças frequentemente se isolam por medo de serem ridicularizadas, especialmente quando são comparadas ao personagem Dumbo, que tem grandes orelhas e é tratado como ‘diferente’. Isso pode gerar timidez, baixa autoestima e até mesmo quadros de depressão“, explica o médico.
A comparação com personagens de histórias como “Pinóquio”, que tem as orelhas grandes conforme ele se torna menos inteligente, ainda é um estigma muito presente.
Recuperação
Em relação à recuperação da cirurgia, Dr. Gilberto explica que o paciente precisará usar um curativo por um período de uma a duas semanas e, após esse tempo, os pontos serão retirados.
A cirurgia é realizada de forma delicada, e a dor local, embora presente, é geralmente superada pela motivação dos pacientes em corrigir a aparência das orelhas.
“A recuperação é tranquila, e a maioria dos pacientes se sente satisfeita com os resultados, principalmente porque a mudança traz um grande alívio emocional”, comenta.
Já para adultos, a decisão de realizar a otoplastia é mais simples, e os resultados são bastante satisfatórios. “No caso de crianças e adolescentes, é importante avaliar se a cirurgia é realmente um desejo do paciente ou se está sendo motivada pelos pais. O médico tem o papel de ajudar a garantir que a decisão seja a melhor para o bem-estar da criança ou do adolescente”, conclui o especialista.