Personalidade influencia risco de demência mais do que você imagina

Traços como neuroticismo aumentam o risco de demência, enquanto extroversão e afeto positivo podem proteger o cérebro, segundo estudo com 44 mil pessoas

Por Thatyana Costa em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
11/05/2025 10:02 / Atualizado em 25/05/2025 17:46

Estudo mostra que traços emocionais positivos ajudam a proteger o cérebro contra a demência.
Estudo mostra que traços emocionais positivos ajudam a proteger o cérebro contra a demência. - iStock/Naeblys

Um novo estudo publicado na prestigiada revista Alzheimer’s and Dementia, da Alzheimer’s Association, apontou uma conexão significativa entre certos traços de personalidade e a probabilidade de desenvolver demência. A pesquisa analisou dados de mais de 44 mil pessoas com idades entre 49 e 81 anos, acompanhadas ao longo do tempo em oito diferentes estudos.

Entre os participantes, 1.703 desenvolveram demência. As análises combinaram exames cerebrais post-mortem com testes de personalidade realizados em vida, o que permitiu uma visão detalhada da interação entre características psicológicas e saúde cognitiva.

As cinco personalidades e seu impacto na demência

O estudo concentrou-se nos chamados “Cinco Grandes” traços de personalidade:

  • Abertura a experiências: curiosidade, criatividade e desejo por novidade.
  • Conscienciosidade: organização, disciplina e senso de dever.
  • Extroversão: sociabilidade e busca por estímulo social.
  • Amabilidade: empatia, cooperação e confiança interpessoal.
  • Neuroticismo: sensibilidade a emoções negativas, como ansiedade e irritabilidade.

    Além disso, foram avaliados os efeitos do afeto positivo (emoções como entusiasmo e otimismo) e do afeto negativo (nervosismo, medo e raiva).

A prática regular de exercícios físicos é essencial para manter o cérebro saudável e ativo.
A prática regular de exercícios físicos é essencial para manter o cérebro saudável e ativo. - iStock/Naeblys

O que a ciência descobriu sobre personalidade e demência

Os dados revelaram que pessoas com altos níveis de neuroticismo e afeto negativo apresentaram maior risco de demência, enquanto aquelas com traços como conscienciosidade, extroversão e afeto positivo mostraram menor propensão à condição.

Curiosamente, esses traços psicológicos não estavam diretamente associados aos sinais físicos da demência no cérebro, como lesões observadas na doença de Alzheimer. Ou seja, a personalidade influencia mais o risco do diagnóstico do que os danos cerebrais propriamente ditos.

Traços como abertura a experiências também mostraram, em parte dos estudos, um efeito protetor. Em 42% das análises, esse fator esteve associado à menor incidência de demência. Já o afeto positivo e a satisfação com a vida apresentaram esse efeito em metade dos estudos.

Os cientistas acreditam que esses traços podem ajudar as pessoas a lidar melhor com declínios cognitivos, mesmo sem perceberem, aumentando a resiliência cerebral.

Apesar das descobertas, o estudo não encontrou diferenças relevantes relacionadas ao gênero ou nível de escolaridade nesse contexto.

 

3 medicamentos elevam o risco de demência

Pesquisadores alertam que o uso prolongado de antidepressivos, anticolinérgicos e benzodiazepínicos pode aumentar significativamente o risco de demência. O estudo, publicado em revista médica internacional, reforça a necessidade de avaliação criteriosa dessas prescrições, especialmente entre idosos. Médicos recomendam alternativas seguras e monitoramento contínuo dos pacientes. Clique aqui para saber mais.