Pesadelos podem sinalizar risco de demência, segundo estudo

Entenda por que distúrbio durante o sono pode indicar declínio cognitivo

17/11/2024 05:00

Distúrbios durante o sono podem indicar declínio cognitivo – iSTock/PhotoVic
Distúrbios durante o sono podem indicar declínio cognitivo – iSTock/PhotoVic - iSTock/PhotoVic

Pesquisadores do Imperial College London encontraram uma intrigante relação entre pesadelos frequentes e um aumento no risco de demência em adultos. O estudo, publicado na eClinicalMedicine, avaliou dados de saúde de americanos e revelou que sonhos perturbadores podem estar relacionados ao declínio cognitivo.

A pesquisa envolveu dois grupos: 600 adultos de 35 a 65 anos, acompanhados por nove anos, e 2.600 idosos com 79 anos ou mais, monitorados por cinco anos. Nenhum dos participantes apresentava o declínio cognitivo no início do estudo.

Os dados indicam que pessoas que relataram pesadelos frequentes têm chance quatro vezes maior de enfrentar declínio cognitivo em comparação às que não vivenciam esses sonhos. Entre os mais velhos, as possibilidade de desenvolver a doença é 2,2 vezes maior para aqueles que sofrem constantemente com a condição.

Abidemi Otaiku, principal autor da pesquisa, destacou que “pesadelos são preditores de declínio cognitivo em adultos de meia-idade e idosos”. Ele também apontou que a conexão entre os dois fatores é mais acentuada nos homens: para os que têm pesadelos semanalmente, a chance de demência é cinco vezes maior, enquanto para as mulheres, o aumento é de 41%.

Mas o que provoca pesadelos?

Embora assistir a filmes assustadores antes de dormir seja um fator, estresse, ansiedade, depressão e até genética influenciam. Segundo Otaiku, algumas pessoas possuem genes que as tornam mais suscetíveis à condição. Estudos mostram que filhos de pessoas com histórico têm maior chance de desenvolvê-los, o que é importante para profissionais de saúde considerarem ao tratar pacientes com queixas desse tipo.

Como reconhecer os sintomas? 

Identificar os primeiros sinais é desafiador, mas o estudo sugere que pesadelos frequentes podem ser uma pista importante. Otaiku recomenda discutir o problema com um médico, pois pesadelos também podem estar ligados a outras condições neurológicas, como Parkinson, além de doenças autoimunes, como lúpus, e transtornos como TDAH.

Quais são os tratamentos disponíveis?

Para sonhos com causas psicológicas, mudanças no estilo de vida, psicoterapia e medicamentos podem ser eficazes. A Terapia de Ensaio de Imagens (TRI) é uma técnica que pode ajudar: ela consiste em visualizar um final positivo para o pesadelo antes de dormir. “Por exemplo, se você sonha que está sendo perseguido por um tigre, imagine que ele te dá um abraço ao invés de atacar”, explica Otaiku.

O futuro da pesquisa deve aprofundar a compreensão sobre a conexão entre os dois fatores, ajudando a encontrar abordagens de tratamento para esses sintomas.