Pesquisa indica que um vírus pode dobrar o risco de demência; saiba qual

Um estudo sueco explora a relação entre a demência e uma outra condição de saúde, e ressalta a necessidade de mais estudos no futuro

Vírus do herpes pode dobrar o risco de demência, sugere pesquisa
Créditos: iStock/Springsky
Vírus do herpes pode dobrar o risco de demência, sugere pesquisa

Segundo uma pesquisa conduzida por cientistas suecos, pessoas diagnosticadas com herpes podem ter o dobro do risco de desenvolver demência comparadas àquelas que não possuem o vírus.

Embora a descoberta venha a reforçar estudos anteriores, que mostram a correlação entre as duas condições de saúde, ainda não se compreende o motivo pelo qual isso ocorre.

“É emocionante que os resultados confirmem estudos anteriores. Cada vez mais surgem evidências de pesquisas que, tal como as nossas descobertas, apontam para o vírus herpes simplex como um fator de risco para a demência”, comenta Erika Vestin, médica estudante da Universidade de Uppsala e principal autora do estudo.

O que é herpes?

O herpes é uma infecção viral que provoca bolhas na boca (herpes labial) ou na região genital (herpes genital), além de coceira e febre.

É altamente contagiosa e pode ocorrer através de contato direto com as lesões ou secreções de uma pessoa infectada. A doença é bastante comum e, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 70% da população mundial já entrou em contato com o vírus do herpes.

Vale destacar que o vírus pode permanecer inativo no corpo humano indefinidamente, e os sintomas podem ser reativados devido a fatores como estresse, exposição ao sol, febre e imunossupressão.

Embora não tenha cura, antivirais podem ajudar a controlar os sintomas e reduzir a frequência das recorrências. 

O tratamento da herpes labial é feito por meio do uso de antivirais
Créditos: Depositphotos/fotovincek
O tratamento da herpes labial é feito por meio do uso de antivirais

Relação entre o vírus e o desenvolvimento de demência

A pesquisa, publicada no Journal of Alzheimer’s Disease no início de fevereiro, observou mil pessoas a partir dos 70 anos ao longo de 15 anos.

No início da pesquisa, nenhum dos participantes apresentava sinais de demência. Durante este intervalo, amostras de soro foram analisadas para detectar anticorpos contra o vírus herpes simplex, e informações importantes foram coletadas dos prontuários médicos dos participantes.

Os pesquisadores descobriram que 82% dos participantes eram portadores do vírus do herpes. A incidência de demência e Alzheimer durante o estudo foi de 7% e 4%, respectivamente.

De acordo com os resultados, ter o vírus do herpes acabou associado a um risco duas vezes maior de desenvolver demência.

Implicações da descoberta

Apesar desta descoberta, são necessários mais estudos para entender se é o vírus que causa a demência, ou se a correlação entre ambos é indireta.

Além disso, um exame aprofundado é necessário para compreender se medicamentos voltados para o tratamento do herpes podem reduzir o risco de demência.

“Os resultados podem impulsionar a investigação sobre a demência no sentido de tratar a doença numa fase inicial. Utilizando medicamentos comuns contra o vírus do herpes, ou prevenir a doença antes que ela ocorra”, destaca a autora.