Pessoas com este transtorno têm maior risco de morte prematura

O risco de mortalidade dessas pessoas era 2,3 vezes maior se elas tivessem mais de 60 anos de idade

Pessoas com transtorno bipolar têm quatro a seis vezes mais probabilidade de morrer prematuramente do que aquelas sem a doença, de acordo com um estudo que comparou dados de milhares de pessoas com e sem o transtorno.

Os pesquisadores descobriram que o transtorno bipolar aumentou o risco de morte de uma pessoa muito mais do que um histórico de tabagismo, ou mesmo, até certo ponto, a idade.

Transtorno bipolar aumenta o risco de morte prematura, segundo pesquisa
Créditos: PeopleImages/istock
Transtorno bipolar aumenta o risco de morte prematura, segundo pesquisa

A equipe de pesquisa analisou dados de um grande estudo de longo prazo, bem como dados de registros anônimos de pacientes coletados em clínicas de saúde da Universidade de Michigan.

Em um dos dois conjuntos de dados analisados ​​pelos pesquisadores da Universidade de Michigan, um diagnóstico de transtorno bipolar significava que alguém tinha seis vezes mais probabilidade de morrer durante um período de 10 anos do que uma pessoa sem o transtorno.

Em comparação, nesse mesmo grupo, o risco de mortalidade de uma pessoa era 2,3 vezes maior se ela tivesse mais de 60 anos de idade. E o risco de mortalidade para pessoas com histórico de tabagismo foi 2,5 vezes maior do que para quem nunca fumou.

O que é bipolaridade?

Bipolaridade é uma categoria de diagnósticos de transtorno de humor, listada no DSM-5, que é usada para descrever conjuntos de sintomas que podem afetar seriamente a qualidade de vida de uma pessoa.

Pessoas com transtorno bipolar apresentam períodos distintos de “alto” (maníaco ou hipomaníaco) e “baixo” (depressivo) que duram vários dias ou semanas, embora esses episódios geralmente ocorram entre períodos de humor normal.

Tanto os episódios maníacos como os depressivos acarretam riscos para as pessoas que os vivenciam, o que pode afetar a sua longevidade.

No quadro maníaco, sentimentos de euforia, impulsividade, distração e agitação podem levar as pessoas a tomarem decisões arriscadas e, às vezes, perigosas.

Já no quadro depressivo, a saúde e a higiene podem ficar no esquecimento e há maior risco de automutilação e suicídio.

Pesquisa esclarece lacuna

Embora as mortes por suicídio sejam mais obviamente atribuíveis a doenças mentais, o estudo destaca o impacto indireto que a bipolaridade pode ter na redução da expectativa de vida de uma pessoa em até 8 a 10 anos.

Em 2021, o relatório das principais causas de morte do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) não incluía nenhuma doença psiquiátrica. Mas isso, como apontam os autores, ocorre porque a causa relatada é sempre a condição mais imediata (como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral ou doença hepática).

As novas descobertas podem ajudar a resolver essa lacuna na compreensão de como uma doença psiquiátrica como o transtorno bipolar pode tirar anos da vida de uma pessoa.

Por exemplo, os acidentes (lesões não intencionais) são uma das principais causas de morte, e as pessoas correm maior risco durante episódios maníacos.

“O transtorno bipolar nunca será listado na certidão de óbito como a principal causa de morte, mas pode ser um contribuinte imediato ou secundário para a morte”, diz a pesquisadora biomédica e autora principal Anastasia Yocum.