Pílula diária se mostra tão eficaz quanto Ozempic na perda de peso
Amicretina, nova aposta de farmacêutica dinamarquesa, supera resultados de outros medicamentos como o Wegovy e poderá entrar em testes finais já em 2026
A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, responsável por medicamentos populares como Ozempic e Wegovy, apresentou resultados promissores de sua nova aposta para o tratamento da obesidade: a amicretina. O estudo clínico de fase inicial mostrou que adultos com sobrepeso ou obesidade perderam até 24,3% do peso corporal após 36 semanas de tratamento com o novo fármaco.
Os dados completos foram divulgados na reunião anual da Associação Americana de Diabetes, em Chicago, e publicados na revista The Lancet. Segundo a empresa, a amicretina será submetida a testes de fase 3, a última etapa antes da aprovação regulatória, a partir do primeiro trimestre de 2026.
Como funciona a amicretina?
Assim como o Wegovy, a amicretina é um agonista do receptor de GLP-1, um hormônio que regula o apetite. No entanto, o novo composto vai além: também ativa os receptores da amilina, um hormônio produzido pelo pâncreas que contribui para a supressão do apetite e controle do esvaziamento gástrico. Essa dupla ação parece ser a chave para os resultados superiores de perda de peso.

O medicamento foi testado em duas versões: uma injeção semanal e uma pílula oral de uso diário. Confira os principais destaques:
- Com injeções de 60 mg semanais, os pacientes perderam em média 24,3% do peso corporal.
- Com a dose de 20 mg semanais, a média de perda foi de 22%.
- Na versão oral, os pacientes que tomaram 100 mg diários perderam 13,1% do peso ao longo de 12 semanas.
- Aqueles que usaram 50 mg por dia perderam em média 10,4%.
Segundo a empresa, a curva de emagrecimento não atingiu um platô, sugerindo que tratamentos mais longos podem resultar em perdas ainda maiores de peso.

Efeitos colaterais e segurança
Os efeitos adversos mais comuns foram de natureza gastrointestinal, como náuseas e constipação, semelhantes aos observados em outros medicamentos da mesma classe. A taxa de desistência por efeitos colaterais foi considerada baixa.
Pesquisadores não envolvidos diretamente com o estudo destacaram que, embora a perda de peso seja importante, a ênfase futura no tratamento da obesidade deve ser a redução de riscos cardiovasculares e de comorbidades. Para isso, serão necessários estudos comparativos entre a amicretina e medicamentos como Ozempic, já consagrados no mercado.
O estudo de fase 3, programado para começar em 2026, será decisivo para definir o futuro da amicretina como uma nova alternativa no combate à obesidade. Se os resultados forem confirmados em larga escala, o medicamento pode representar um avanço significativo no tratamento do sobrepeso, especialmente para pacientes que não respondem bem às opções atuais.