Poluição de incêndios florestais causa mais de 12 mil mortes por ano
As mudanças climáticas estão amplificando eventos de queimadas em várias partes do mundo.
Em 2024, o Brasil foi mais uma vez alvo de incêndios florestais devastadores, especialmente durante os meses de agosto e setembro.
Metade desses incêndios ocorreu na Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, que sofreu com a destruição de 381 mil km² – uma área superior ao tamanho do Japão. Entre janeiro e setembro deste ano, o número de queimadas no Brasil aumentou alarmantemente, atingindo 150% a mais que o mesmo período do ano anterior.
Esses incêndios não são isolados. As mudanças climáticas estão amplificando os eventos extremos em várias partes do mundo. Em 2019 e 2020, a Austrália enfrentou incêndios que não só consumiram vastas áreas, mas também causaram a morte ou deslocamento de cerca de três bilhões de animais, de acordo com estimativas da WWF.
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Poluição dos incêndios florestais
O impacto das queimadas vai além da destruição da biodiversidade e da liberação de gases de efeito estufa. A saúde humana também está sendo diretamente afetada. Um estudo recente, publicado na Nature Climate Change, revela que a poluição causada pelas queimadas, intensificadas pela crise climática, pode ser responsável por 12 mil mortes adicionais todos os anos.
Pesquisadores japoneses lideraram este estudo que concluiu que o aquecimento global está aumentando o risco de morte por inalação de fumaça tóxica em regiões como a Austrália, América do Sul, Europa e florestas boreais da Ásia. Quase cem mil pessoas já morreram anualmente na década de 2010 devido à exposição ao PM2,5 – partículas minúsculas liberadas durante as queimadas, capazes de penetrar profundamente nos pulmões e na corrente sanguínea.
O estudo utilizou modelos de vegetação que simularam as condições climáticas atuais e, para efeito de comparação, também excluíram os efeitos das mudanças climáticas. A conclusão foi clara: o aquecimento global é responsável por 12,8% das mortes ligadas à inalação de poluentes de queimadas.
Fogo e aquecimento global: um ciclo vicioso
O aquecimento global age de diferentes maneiras para intensificar as queimadas. Em algumas regiões, o calor extremo é o principal combustível; em outras, é a seca. Essa combinação cria um cenário propício para incêndios mais frequentes e intensos.
Um outro estudo, também publicado no mesmo dia, aponta que entre 2003 e 2019 o aquecimento global foi responsável por um aumento de 16% na área global queimada por incêndios florestais. Regiões como a Austrália, savanas africanas e até a gélida Sibéria viram suas paisagens consumidas pelo fogo, mostrando que, em um planeta em aquecimento, nenhum lugar está seguro.
A urgência de frear as mudanças climáticas nunca foi tão palpável. O fogo, uma força natural, está sendo transformado em uma ferramenta de destruição por nossas próprias ações. E o preço não é pago apenas em árvores queimadas ou animais mortos, mas também em vidas humanas.