Por que crianças com autismo têm mais dificuldade para falar?

04/01/2017 14:29

Aspectos sensoriais endurecidos, problemas de conduta, falta de reciprocidade social, inflexibilidade. Essas são algumas das características comportamentais relatadas pelos pais de crianças diagnosticadas com autismo.

Diante disso, a falta de comunicação com o mundo se coloca como uma das principais angústias das famílias: “quando meu filho vai falar”? Afinal, a capacidade de se comunicar está diretamente ligada com o modo de percepção de mundo da criança, podendo gerar frustrações e problemas sérios de conduta e relações interpessoais.

A questão é sensível e pode ser abordada por diversos vieses. Um deles é o que a fala não é – e nem deve ser estimulada como tal – a única forma de linguagem e expressão da criança.

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De acordo com o portal de notícias da Fundação espanhola Autismo Diário, especializado no tratamento de temas relacionados ao autismo, é recente o entendimento de que nem toda criança diagnosticada no espectro autista terá restrições de fala.

Hoje, estima-se que entre 20 e 30% de pessoas com autismo desenvolveram a linguagem verbal, quase sempre associada a intervenções e estímulos adequados às necessidades de cada criança, ainda que tardia.

Porém, é preciso considerar que ainda há poucas evidências científicas de como isso se dá, e novas metodologias científicas que avaliam a comunicação e a linguagem estão sendo desenvolvidas. Para quem tiver em interesse em se aprofundar neste tema da linguagem, o artigo “O desenvolvimento da linguagem e da linguagem no autismo”, disponível aqui, em espanhol, trata especificamente disso.

A fala não é a única forma de linguagem da criança, e estimular a comunicação – seja ela qual for – é essencial para estimular um desenvolvimento saudável.
A fala não é a única forma de linguagem da criança, e estimular a comunicação – seja ela qual for – é essencial para estimular um desenvolvimento saudável.

Quando as crianças com autismo aprendem a falar?

De acordo com a pesquisadora Patricia Kuhl, professora de Linguagem e Ciência da Audição do Institute for Brain and Learning Sciences, da Universidade de Washington, um bebê é capaz de reconhecer o “idioma” materno a partir do sexto mês de vida. Para ela, aos sete anos, as crianças já são verdadeiros gênios da apreensão da linguagem, criando padrões de mapas lingústicos que o ajudam a se desenvolver.

Um estudo realizado por lá ajudou a entender os principais impactos dessa forma de aprendizado nas crianças com autismo.

Em um este, bebês americanos foram colocados em contato com uma mulher que conversava com eles em chinês, durante várias sessões de diálogo. A partir de um certo momento, as crianças passaram a adotar os sons do chinês como seus próprios, e dar respostas a ele.

O mesmo foi feito com outro grupo de crianças, mas no lugar de uma pessoa, foi colocada uma televisão emitindo falas e interações. Curiosamente, os bebês não tiveram as mesmas respostas. Ou seja, a conclusão é que a criança necessita de interação social para elaborar sua forma de apreender a linguagem, o que se altera em uma criança com autismo.

Para as crianças autistas, é mais comum que a televisão ou outros mecanismos como vídeos e tablets tenham mais impacto em sua em sua forma de apreender a linguagem. O déficit social, somado a outros aspectos da condição, parece ser uma das causas que motivam os problemas de comunicação de crianças diagnosticadas com autismo.

Diante de todas essas evidências, pode-se concluir que a comunicação é fundamental para o ser humano, seja esta verbal ou não verbal. Portanto, oferecer a uma criança com autismo uma via válida e funcional de se comunicar – pode ser um brinquedo, um animal de estimação, estímulos visuais, um livro – pode ter impactos positivos e reduzir consideravelmente seus problemas de conduta. Assim, a criança poderá ter menos acessos de ansiedade, regular melhor seus estados emocionais e ter mais qualidade em suas relações sociais. Para ler a matéria completa, clique aqui.

*Com informações de Autismo Diário

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