Por que está havendo um aumento expressivo de diagnósticos de autismo?

O número de casos diagnosticados de pessoas com autismo vem aumentando há anos. Um novo estudo mostra que as crianças são particularmente afetadas

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
13/11/2024 18:04 / Atualizado em 27/11/2024 21:13

Cada vez mais pessoas estão sendo diagnosticadas com autismo em todo o mundo. Segundo o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), órgão de saúde dos Estados Unidos, uma em cada 36 crianças é diagnosticada com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) – um aumento significativo em comparação com o ano de 2000, quando esse índice era de uma em cada 150 crianças.

Um novo estudo dos EUA, publicado na revista “Pediatrics”, mostrou que só em Nova York, os diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) aumentaram 500%. 

Os números norte-americanos fornecem um panorama sobre o tema, uma vez que ainda não há um estudo brasileiro sobre TEA.

O autismo tende a ocorrer em famílias. A causa exata ainda não foi suficientemente investigada, mas os fatores genéticos desempenham um papel decisivo. 

Transtorno do espectro do autismo

O transtorno do espectro do autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento. Geralmente aparece na primeira infância e afeta a interação social, a comunicação e alguns padrões comportamentais.

As manifestações apresentam diferentes graus de gravidade, por isso é utilizado o termo genérico Transtornos do Espectro Autismo.

O número de casos diagnosticados de pessoas com autismo vem aumentando há anos
O número de casos diagnosticados de pessoas com autismo vem aumentando há anos - VadimVasenin/DepositPhotos

Por que cada vez mais diagnósticos?

Hoje, muitos adultos também são diagnosticados com autismo, o que não acontecia antes.

Os critérios diagnósticos do autismo foram ampliados, o que significa que já estão incluídas mais pessoas.  

Antes da revisão da definição no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos de Saúde Mental, Quinta Edição (DSM-5),  em 2013, existiam subtipos de autismo, como a síndrome de Asperger e o transtorno invasivo do desenvolvimento – sem outra especificação.

Com o lançamento do DSM-5, essas subclassificações foram abandonadas e o autismo foi descrito como uma ampla gama (espectro) de características e comportamentos. 

Além disso, hoje, as pessoas são diagnosticadas mais cedo hoje, e as meninas, que antes eram ignoradas porque o autismo foi durante muito tempo considerado uma deficiência dos meninos, também estão sendo diagnosticadas com mais frequência.

O fato de hoje serem feitos mais diagnósticos também é resultado de uma melhor formação dos médicos e compreensão do espectro.