Por que os hospitais restringem o acesso de homens à UTI neonatal
São muitos os tabus que ainda cercam a amamentação. Restrições em locais públicos, carência de locais acessíveis para amamentar e outras falhas em âmbito público e privado fazem desse período da vida da mulher uma verdadeira gincana de vencer obstáculos. Porém, quando a falta de acolhimento e o preconceito invadem até mesmo os locais que supostamente deveriam oferecer suporte e respaldo para as famílias, a situação se agrava ainda mais.
É o caso dos hospitais que restringem o acesso de homens à UTI neonatal, impossibilitando que pais que têm seus bebês internados na unidade possam acompanhar o desenvolvimento da criança. O motivo apresentado para a tomada da medida é a privacidade. As instituições alegam que querem preservar o momento íntimo da mulher, evitando situações desconfortáveis.
Em entrevista ao Maternar, o Hospital São Luiz, de São Paulo, alega que “essa regra foi implantada para resguardar a privacidade, silêncio, tranquilidade e conforto das mães”. Com isso, entende-se que algumas mulheres sentem-se desconfortáveis em amamentar na frente de outros homens. O tabu revela o modo como a sociedade ainda percebe a amamentação e tem por trás uma cultura de machismo e hipersexualização da mulher.
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A jornalista Natalia Zonta, 33, contou ao Maternar que ficou com o filho Gabriel durante uma semana na UTI neonatal e não pôde contar com o apoio de seu companheiro, e se indigna diante da restrição. “Eu não consigo imaginar como alguém pode cogitar que tem pai na UTI interessado em ver peito de outras mães”, diz Natália.
Felizmente, nem todo os hospitais aderem à medida. Os hospitais Pro Matre e Santa Joana, também de São Paulo, informam que os pais “possuem acesso livre aos seus filhos no período determinado para visitas, com exceção aos momentos em que se fazem necessários alguns procedimentos como na coleta de exames e trocas de curativos”. “Para conservar a privacidade das mulheres, durante o horário da mamada o acesso é exclusivo para as mães.”
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