Preenchimento de bumbum: conheça os prós e contras da técnica
Procedimento utilizado pelo Dr. Bumbum em paciente que veio a óbito envolve muitos riscos
A morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, após fazer um preenchimento de glúteos com o médico Denis Cesar Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, levantou discussões sobre a segurança da técnica. Conhecida como bioplastia, o procedimento injeta diferentes tipos de substância nos tecidos para aumentar o volume da região escolhida. No caso da bancária, o material utilizado foi o polimetilmetacrilato (PMMA), um tipo de plástico.
Além de não existirem estudos de longo prazo que mostram os efeitos do material no corpo, o uso do PMMA, também conhecido como metacril, pode levar a complicações sérias, como inflamações crônicas, infecções, formação de nódulos, enrijecimento da região, rejeição do organismo e até necrose do tecido.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica informou que vem alertando os médicos sobre os riscos que envolvem a utilização desse material. No caso da bancária morta no Rio de Janeiro, a SBCP afirma que o problema foi ainda maior. “Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico realizou o procedimento em sua residência, o que é proibido”, informa a nota.
- Descubra como aumentar o colesterol bom e proteger seu coração
- Entenda os sintomas da pressão alta e evite problemas cardíacos
- USP abre vagas em 16 cursos gratuitos de ‘intercâmbio’
- Psoríase: estudo revela novo possível fator causal da doença de pele
Qualquer tipo de preenchimento, até mesmo os minimamente invasivos, precisam ser feitos em uma ambiente hospitalar, que conta com aparelhamento para qualquer emergência.
Como é feito o preenchimento de bumbum com PMMA?
O PMMA é injetado com uma microcânula e sob anestesia local em camadas profundas da pele. Sua remoção é muito difícil de ser realizada, sendo considerado um implante permanente. Ele é utilizado tanto para fins estéticos, como reconstrutivos, dando volume à região escolhida. O PMMA costuma ser utilizado mais comumente no corpo. No rosto, os médicos preferem utilizar o ácido hialurônico, uma substância que é absorvida pelo corpo com o tempo. (Leia mais sobre ácido hialurônico).
Os riscos do PMMA
De acordo com uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBPC-SP), o material já provocou deformidades e complicações em cerca de 17 mil pacientes de todo o país. Para a maioria dos cirurgiões plásticos, o produto deveria ter seu uso e comercialização banidos do mercado nacional.
Os riscos do uso do produto ficaram conhecidos em 2014, quando a modelo Andressa Urach foi internada em estado grave após a aplicação de PMMA e hidrogel nas pernas. Ambos os produtos são liberados para uso pela Anvisa, mas em quantidades pequenas.
Quando aplicado em grandes volumes, o PMMA corre o risco se espalhar para outras regiões e, por ser um corpo estranho, pode causar reações do organismo e formar nódulos. Além disso, mesmo em quantidade pequena, se o produto for injetado por engano dentro de um vaso, há o risco de embolias, necroses na pele e óbito do paciente.
Confira na íntegra a nota da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica sobre o procedimento envolvendo o Dr. Bumbum:
SBCP lamenta morte de paciente que fez procedimento estético com médico não especialista e em local inadequado em cirurgia plástica
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) lamenta por mais um óbito de paciente que realizou um procedimento estético com um não especialista e em local inadequado. A bancária Lilian Calixto, 46 anos, morreu no último domingo, 15, após complicações de um tratamento estético. Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico realizou o procedimento em sua residência, o que é proibido.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica repudia e reprova procedimentos médicos na área, realizados por não especialistas, e sobretudo nestes moldes. A crescente invasão da especialidade por não especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e fatais como este.
A SBCP disponibiliza em seu site, Facebook, e-mail ou telefone, uma consulta para saber se o médico é ou não credenciado pela Sociedade para realizar uma cirurgia plástica.
A formação do cirurgião plástico é diferenciada, uma vez uma vez que ele deve obrigatoriamente, após os 6 anos da graduação em medicina, passar pela formação de cirurgião geral (2 anos) antes de cumprir mais 3 anos em cirurgia plástica, somando no mínimo 11 anos de formação.
Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tem alertado reiteradamente a população sobre os riscos dos procedimentos que envolvem PMMA. A SBCP aguarda por decisões judiciais que possam definitivamente impedir que profissionais médicos e não médicos sem especialização em cirurgia plástica realizem procedimentos sem qualificação.
DIRETORIA EXECUTIVA
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica