O que se sabe sobre a próxima pandemia que OMS diz ser inevitável
Cientistas levantam possíveis agentes causadores da nova ameaça à saúde global
Em entrevista à RFI, a diretora-geral adjunta da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mariângela Simão, afirmou que uma nova pandemia é “inevitável”.
Segundo Simão, é apenas “uma questão de tempo” para explodir um novo fenômeno pandêmico. O que se sabe, no entanto, sobre ele é ainda muito pouco e a grande questão é: “quando vai acontecer”.
Perguntas como: “de onde virá?” e “qual será o agente causador?” também ficam ainda sem respostas, mas com muitas suposições.
A próxima pandemia já pode estar em curso
Embora não se saiba quando o novo surto irá explodir, especialistas em doenças infecciosas apontam que a próxima pandemia pode já estar acontecendo.
As doenças zoonóticas, ou seja, as que passam de animais para humanos são a grande preocupação dos cientistas, já que acredita-se que 75% das novas doenças que surgiram nos últimos 50 anos tiveram como origem os animais silvestres. Como exemplo, o ebola, a gripe suína (H1N1) e a aviária.
E sabe qual o grande vilão dessa história?
Errado se você respondeu os animais! São os humanos mesmo.
Isso acontece, de acordo com o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, porque estamos destruindo o meio ambiente.
Vecina vem alertando para o desmatamento de florestas, habitats naturais dos animais e onde há uma grande quantidade de vírus que podem levar a outras epidemias.
“Nós estamos agredindo a Amazônia. Na Amazônia, tem uma quantidade de vírus imensa. A próxima epidemia, com o nível de agressão que nós estamos fazendo ao meio ambiente, já está a caminho”, afirmou Vecina em entrevista à GloboNews, em agosto de 2020.
Além da destruição dos habitats naturais, os cientistas também apontam para o risco que envolve o tráfico de animais silvestres e o hábito de consumir esses animais.
Superbactérias resistentes
O diretor da Divisão de Doenças Infecciosas da Escola de Medicina da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, David Aronoff, disse que os cientistas vivem constantemente preocupados com algo que vai acontecer. “E como se estivéssemos morando em uma rua cheia de esquinas”, resumiu ao Infection Control Today.
Para ele, o risco futuro pode estar nas bactérias resistentes. “Fico particularmente nervoso com infecções resistentes a antibióticos sobre as quais pensávamos ter controle, mas depois perdemos o controle. A gonorreia é um bom exemplo. É cada vez mais difícil de tratar com antibióticos e cada vez mais fácil de espalhar”, avaliou.
A professora de doenças infecciosas Priya Nori, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, de Nova York, também coloca as infecções resistentes a antibióticos no topo de sua lista.
“Estamos muito preocupados que veremos o surgimento de muitas bactérias e fungos multirresistentes”, diz Nori. “E esses não são necessariamente novos patógenos, são coisas que tínhamos antes, mas que estavam começando a receber muita atenção nos últimos anos antes da covid-19 porque se espalharam muito”, avalia.
A preocupação aumentou sobretudo durante a pandemia da covid-19 por conta do aumento do uso desenfreado dos antibióticos para tratar a doença causada contra o coronavírus, mesmo sem eficácia e necessidade comprovadas.
Em maio do ano passado, a OMS chegou a publicar, em maio do ano passado, um documento recomendando expressamente a não utilização desses medicamento no tratamento da covid-19 em casos suspeitos ou leves. Mesmo para casos moderados, a entidade havia indicado que o uso só deveria ser feito após indícios de uma infecção bacteriana.
Como evitar o inevitável?
Especialistas da Universidade de Cambridge identificaram várias medidas que poderiam evitar o risco de uma nova pandemia. Porém, são ações que necessitariam de urgência e mudanças no modo de vida e consumo, de maneira generalizada e não individual, medidas pouco prováveis de serem abraçadas pela sociedade.
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