Quase 10 milhões não sabem que vivem com HIV, diz UNAids

Especialistas afirmam ser necessários novos esforços para atingir o restante da população e controlar o aumento de casos

22/11/2018 16:45 / Atualizado em 05/05/2020 12:12

O diagnóstico precoce ajuda na qualidade de vida de pacientes com HIV
O diagnóstico precoce ajuda na qualidade de vida de pacientes com HIV - Alex Levine/istock

Os esforços intensificados de teste e tratamento do HIV estão atingindo mais pessoas que vivem com o HIV. Em 2017, três quartos das pessoas com o HIV (75%) sabiam seu status de HIV, comparado a apenas dois terços (67%) em 2015. Apesar disso, 9,4 milhões de pessoas que vivem com HIV em todo o mundo desconhecem que estão infectadas com o vírus. No Brasil, a estimativa da taxa de pessoas nessa situação é de cerca de 15% do total da população com o vírus do HIV.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pela UNAids. O relatório intitulado “Conhecimento é Poder” reitera que o teste de HIV continua sendo a única maneira de conhecer o diagnóstico e apela por novos esforços para atingir o restante da população.

Apesar do dado, a UNAids mostra que a luta contra a doença está mostrando resultados. Em 2015, 17 milhões de pessoas tinham acesso ao tratamento com antirretrovirais. Já no ano passado, o número subiu para 21,7 milhões, cerca de 60% de todas as pessoas contaminadas.

Segundo a organização, o teste de carga viral é particularmente importante para os recém-nascidos, uma vez que o HIV progride muito mais rapidamente em crianças – o pico de mortalidade das crianças nascidas com o vírus é de dois ou três meses de vida.

O teste diagnóstico rápido padrão é ineficaz até os 18 meses de idade, portanto, o único teste viável para HIV para crianças muito jovens é um teste virológico, que precisa ser administrado nas primeiras quatro a seis semanas de vida. No entanto, em 2017, apenas metade (52%) das crianças expostas ao HIV em países de alta carga recebeu o teste nos primeiros dois meses de vida.

O relatório mostra que uma das maiores barreiras ao teste do HIV é o estigma e a discriminação. Estudos entre mulheres, homens, jovens e populações-chave revelaram o medo de ser visto acessando serviços de HIV, e se a pessoa é diagnosticada, temer que essa informação seja compartilhada com a família, amigos, parceiros sexuais ou a comunidade.

Tratamento garantido pelo SUS

Desde 1996, o SUS (Sistema Único de Saúde) distribui tratamento antirretroviral para quem vive com HIV. Esses medicamentos atuam no sistema imunológico, bloqueando as diferentes fases do ciclo de multiplicação do vírus no corpo, melhorando dessa maneira a qualidade de vida dos pacientes e fortalecendo o sistema imunológico.

A PrEP é a combinação de dois medicamentos que bloqueiam caminhos para o HIV
A PrEP é a combinação de dois medicamentos que bloqueiam caminhos para o HIV - nito100/istock

Como forma de prevenção, o Ministério da Saúde oferece distribuição de preservativos gratuitamente e tratamento pós-exposição ao HIV, a chamada PEP e o tratamento pré-exposição (PrEP). Esse último, chamado Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais antes da exposição sexual ao vírus, para reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV. A PrEP é voltada às populações com maior vulnerabilidade à infecção.

  • Em 2014, foi sancionada a Lei n°12.984 que estabelece como crime a discriminação contra pessoas vivendo com HIV ou AIDS. Em caso de violação, recomenda-se realizar Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia e entrar com uma ação criminal.