Quem pode doar para quem? Entenda a compatibilidade sanguínea e os riscos de transfusões erradas
Saiba como funciona a compatibilidade entre tipos de sangue e quais combinações são seguras
O processo após a doação de sangue envolve testes, análises e cruzamentos de informações. Tudo para garantir que o sangue doado seja compatível com o do receptor.

A seguir, saiba quais tipos de sangue combinam entre si, como o fator Rh interfere nas transfusões e quais são os controles rigorosos adotados para que o sangue chegue ao paciente certo.
O que define a compatibilidade sanguínea?
A compatibilidade sanguínea é determinada pelo sistema ABO e pelo fator Rh. Esses elementos são essenciais para garantir que uma transfusão seja feita com segurança, evitando reações adversas graves.
Os tipos de sangue são A, B, AB e O, e o fator Rh pode ser positivo (Rh+) ou negativo (Rh-). A combinação dessas características define quem pode doar ou receber sangue de quem.
Por exemplo, o sangue tipo O- é considerado o doador universal, pois pode ser transfundido a qualquer pessoa, enquanto o tipo AB+ é o receptor universal, podendo receber sangue de todos os tipos.

Em entrevista à Catraca Livre, o Dr. Leandro Felipe Figueiredo Dalmazzo, vice-presidente médico do Grupo GSH, explica que “a triagem começa com a análise do tipo sanguíneo e do fator Rh do doador. Com base nisso, utilizam-se as regras de compatibilidade sanguínea para definir quais pacientes podem receber aquele sangue”.
“É importante ressaltar que todo o processo é controlado por sistemas informatizados, testes laboratoriais rigorosos e protocolos de identificação de amostras e pacientes”, completa o especialista.
O papel do fator Rh na transfusão
O fator Rh também desempenha um papel importante. Pessoas com Rh positivo podem receber sangue de doadores com Rh positivo ou negativo. Já quem tem Rh negativo só pode receber de doadores Rh negativo.
Esse cuidado é ainda mais importante em casos de gestantes com Rh negativo, pois pode haver risco de complicações na gravidez se o bebê for Rh positivo.
Nestes casos, é necessário acompanhamento médico e, em alguns casos, aplicação de imunoglobulina anti-D para evitar a formação de anticorpos que possam afetar a gravidez.
Quais são os tipos de sangue mais comuns?
No Brasil, os tipos sanguíneos mais frequentes são o O e o A, que juntos representam cerca de 87% da população, conforme o Ministério da Saúde.
Essa prevalência torna mais fácil encontrar doadores compatíveis para grande parte dos pacientes. No entanto, conhecer as características de cada tipo é fundamental, especialmente em casos de emergência.
Distribuição dos tipos sanguíneos no Brasil (% aproximada da população):
- Tipo O – Um dos mais comuns:
- O positivo (O+): 36%
- O negativo (O−): 9%
- Tipo A – Também bastante prevalente:
- A positivo (A+): 34%
- A negativo (A−): 8%
- Tipo B – Menos comum:
- B positivo (B+): 8%
- B negativo (B−): 2%
- Tipo AB – Mais raro:
-
- AB positivo (AB+): 2,5%
- AB negativo (AB−): 0,5%
Entenda a compatibilidade entre os tipos de sangue
A seguir, veja um resumo de quem pode doar para quem, considerando tipo sanguíneo e fator Rh:
| Tipo sanguíneo | Pode doar para | Pode receber de |
|---|---|---|
| A+ | A+, AB+ | A+, A-, O+, O- |
| A- | A+, A-, AB+, AB- | A-, O- |
| B+ | B+, AB+ | B+, B-, O+, O- |
| B- | B+, B-, AB+, AB- | B-, O- |
| AB+ | AB+ | Todos os tipos |
| AB- | AB+, AB- | A-, B-, AB-, O- |
| O+ | A+, B+, AB+, O+ | O+, O- |
| O- | Todos os tipos | Somente O- |

Riscos de transfusões erradas
A transfusão de sangue deve sempre respeitar a compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, o corpo do paciente pode identificar o sangue como uma ameaça e reagir de maneira agressiva.
Isso pode resultar em reações alérgicas, destruição das células vermelhas (hemácias) e, nos casos mais graves, levar à morte devido à resposta extrema do sistema imunológico.
Como o sangue chega ao paciente certo?
A compatibilidade entre doador e receptor é rigorosamente testada antes de qualquer transfusão. Isso começa com testes laboratoriais para identificar o tipo sanguíneo, a presença de doenças transmissíveis e possíveis anticorpos irregulares.
“Antes da transfusão, é feito o teste de compatibilidade (prova cruzada) entre o sangue do doador e o do receptor”, explica o Dr. Dalmazzo.
“Além disso, cada bolsa é identificada com código de barras e rastreada por sistemas eletrônicos, garantindo que o sangue certo chegue ao paciente certo.”
Durante a transfusão, o paciente é monitorado de perto, e qualquer sinal de reação adversa é tratado imediatamente.
Por que doar sangue é um ato seguro e necessário?
A doação de sangue é segura e controlada. O sangue coletado passa por diversos testes para garantir sua qualidade.
“São realizados testes para detectar doenças transmissíveis, como HIV, hepatites B e C, sífilis, HTLV e doença de Chagas. Também são feitos testes de tipagem sanguínea, pesquisa de hemoglobinas anômalas e teste para anticorpos irregulares”, afirma o Dr. Dalmazzo.

Além disso, uma única doação de sangue pode ajudar até quatro pessoas. É um gesto solidário, responsável e que tem impacto direto na vida de outras pessoas.
O sangue é fundamental em situações de emergência, em cirurgias de grande porte e no tratamento de pacientes com doenças como câncer e anemia falciforme, que muitas vezes dependem de transfusões constantes. Por isso, manter os estoques dos bancos de sangue sempre abastecidos é essencial. Seja um doador frequente!
Neste Junho Vermelho, campanha de incentivo à doação de sangue, a Catraca Livre prepara uma série de reportagens especiais para informar, conscientizar e incentivar todos vocês a doarem sangue. Saiba mais clicando aqui.