Remédio feito de maconha é autorizado pela primeira vez nos EUA
Epidiolex será usado para tratar epilepsia severa em crianças
Em decisão inédita, os Estados Unidos aprovaram nesta semana o registro do primeiro remédio feito de maconha. A empresa de biotecnologia britânica GW Pharmaceuticals será a primeira autorizada a comercializar a medicação. Chamado Epidiolex, o remédio é destinado para o tratamento de epilepsia infantil grave.
O remédio é essencialmente um xarope que contém canabidiol, ou CBD – uma substância existente na folha da maconha. O Epidiolex entrou na reta final dos testes clínicos há dois anos, para demonstrar sua efetividade. A previsão é que comece a ser comercializado no final desse ano. Na Europa deve ser autorizá-lo no ano que vem.
“Esta aprovação serve como um lembrete de que programas corretos para avaliarem adequadamente os ingredientes ativos contidos na maconha podem levar a importantes terapias médicas”, disse Scott Gottlieb, da agência americana reguladora de medicamentos, a Food and Drug Administration.
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Atualmente, alguns países comercializam o canabidiol (CBD) para o tratamento de crianças com epilepsia. Em 2015, a Anvisa retirou o CBD da lista de substâncias ilegais, passando para a lista de substâncias controladas. Isso significa a exigência de receita e laudo médico para que a medicação entre no país. Veja aqui as orientações para solicitar a importação do canabidiol.
Nos EUA, já era possível encontrar o princípio CBD à venda em sites, embora ainda ilegal. O valor do medicamento liberado ainda não foi divulgado.
Uso medicinal do canabidiol contra epilepsia
Ao contrário do que muitos podem pensar quando o assunto é maconha, o CBD não possui nenhum efeito alucinógeno, nem causa dependência. Seus efeitos medicinais são comprovados cientificamente desde a década de 80 e incluem analgesia, diminuição de náuseas e alívio de estresse pós-traumático.
Para citar apenas um estudo sobre o tratamento com o canabidiol, a Escola Paulista de Medicina avaliou seu efeito em 15 indivíduos com diagnóstico de epilepsia. Durante 4 meses, 8 destes pacientes receberam 200 a 300 mg de cannabidiol e os outros receberam placebo.
Quatro dos indivíduos que receberam cannabidiol ficaram livres de crises, 3 melhoraram e em 1 a substância não modificou as crises epilépticas. Os 7 indivíduos que receberam placebo ficaram com suas crises inalteradas.
Outras pesquisas também já observaram efeitos positivos relevantes em pacientes com autismo, esclerose múltipla, dores neuropáticas, câncer, epilepsia e mal de Parkinson.
A epilepsia é uma doença cerebral crônica associada com perturbação da função do cérebro caracterizada pela recorrência de crises epilépticas. Ainda não há cura para a doença, mas é possível controlar as crises convulsivas.
Para saber mais sobre a doença, acesse o site da Associação Brasileira de Epilesia. O programa tem como estratégia fornecer informações às redes de ensino tanto sobre o eixo clínico da doença, quanto psicossocial.
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