Remédio feito de maconha é autorizado pela primeira vez nos EUA

Epidiolex será usado para tratar epilepsia severa em crianças

28/06/2018 13:25 / Atualizado em 05/05/2020 10:55

Em decisão inédita, os Estados Unidos aprovaram nesta semana o registro do primeiro remédio feito de  maconha. A empresa de biotecnologia britânica GW Pharmaceuticals será a primeira autorizada a comercializar a medicação. Chamado Epidiolex, o remédio é destinado para o tratamento de epilepsia infantil grave.

Remédio é feito a partir de substância retirada da folha da maconha
Remédio é feito a partir de substância retirada da folha da maconha - Nastasic/istock

O remédio é essencialmente um xarope que contém canabidiol, ou CBD – uma substância existente na folha da maconha. O Epidiolex entrou na reta final dos testes clínicos há dois anos, para demonstrar sua efetividade. A previsão é que comece a ser comercializado no final desse ano. Na Europa deve ser autorizá-lo no ano que vem.

“Esta aprovação serve como um lembrete de que programas corretos para avaliarem adequadamente os ingredientes ativos contidos na maconha podem levar a importantes terapias médicas”, disse Scott Gottlieb, da agência americana reguladora de medicamentos, a Food and Drug Administration.

Atualmente, alguns países comercializam o canabidiol (CBD) para o tratamento de crianças com epilepsia.  Em 2015, a Anvisa retirou o CBD da lista de substâncias ilegais, passando para a lista de substâncias controladas. Isso significa a exigência de receita e laudo médico para que a medicação entre no país. Veja aqui as orientações para solicitar a importação do canabidiol.

Nos EUA, já era possível encontrar o princípio CBD  à venda em sites, embora ainda ilegal. O valor do medicamento liberado ainda não foi divulgado.

Uso medicinal do canabidiol contra epilepsia

Brasil permite importação de Canabidiol desde que haja prescrição médica
Brasil permite importação de Canabidiol desde que haja prescrição médica - Getty Images/iStockphoto

Ao contrário do que muitos podem pensar quando o assunto é maconha, o CBD não possui nenhum efeito alucinógeno, nem causa dependência. Seus efeitos medicinais são comprovados cientificamente desde a década de 80 e incluem analgesia, diminuição de náuseas e alívio de estresse pós-traumático.

Para citar apenas um estudo sobre o tratamento com o canabidiol, a Escola Paulista de Medicina avaliou seu efeito em 15 indivíduos com diagnóstico de epilepsia. Durante 4 meses, 8 destes pacientes receberam 200 a 300 mg de cannabidiol e os outros receberam placebo.

Quatro dos indivíduos que receberam cannabidiol ficaram livres de crises, 3 melhoraram e em 1 a substância não modificou as crises epilépticas. Os 7 indivíduos que receberam placebo ficaram com suas crises inalteradas.

Outras pesquisas também já observaram efeitos positivos relevantes em pacientes com autismo, esclerose múltipla, dores neuropáticas, câncer, epilepsia e mal de Parkinson.

A epilepsia é uma doença cerebral crônica associada com perturbação da função do cérebro caracterizada pela recorrência de crises epilépticas. Ainda não há cura para a doença, mas é possível controlar as crises convulsivas.

Para saber mais sobre a doença, acesse o site da Associação Brasileira de Epilesia. O programa tem como estratégia fornecer informações às redes de ensino tanto sobre o eixo clínico da doença, quanto psicossocial.

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