Remédios que aumentam em 79% o risco de demência, segundo estudo

Pesquisa da Universidade da Califórnia aponta que o uso contínuo desses medicamentos pode elevar drasticamente o risco de demência

Por Caroline Vale em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
15/06/2025 12:02 / Atualizado em 22/06/2025 21:23

O uso contínuo de medicamentos para dormir pode aumentar em até 79% o risco de desenvolver demência.

É o que revela um estudo da Universidade da Califórnia, em São Francisco, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease.

O uso excessivo de medicamentos para dormir pode comprometer a saúde cognitiva, aumentando o risco de demência.
O uso excessivo de medicamentos para dormir pode comprometer a saúde cognitiva, aumentando o risco de demência. - iStock/images4

Estudo acompanhou 3 mil idosos por quase uma década

A pesquisa analisou o impacto de substâncias como zolpidem, clonazepam e diazepam em idosos ao longo de nove anos.

O levantamento, intitulado Health, Aging and Body Composition Study, acompanhou três mil idosos sem sinais de demência no início da pesquisa. Ao final do período, cerca de 20% desenvolveram a doença.

Aqueles que faziam uso regular de remédios para dormir apresentaram risco significativamente maior.

Como esses remédios afetam o cérebro?

Esses medicamentos atuam no sistema nervoso central e são indicados para tratar insônia, ansiedade e espasmos musculares.

No entanto, seu uso prolongado está ligado a efeitos colaterais graves, como dificuldade de concentração, perda de coordenação motora e sonolência excessiva.

Segundo os pesquisadores, esses efeitos, somados à tolerância e dependência química, podem comprometer a saúde cognitiva de forma duradoura.

Alternativas seguras ganham destaque

Diante dos riscos, especialistas recomendam a terapia cognitivo-comportamental como primeira linha de tratamento para insônia, priorizando métodos não farmacológicos.

A melatonina, suplemento hormonal, também surge como uma alternativa mais segura, embora seus efeitos de longo prazo ainda precisem ser mais bem estudados.

Pesquisas anteriores já sugeriam essa associação, principalmente em idosos com doenças crônicas como hipertensão e diabetes. Este novo estudo, porém, reforça a urgência de rever a prescrição indiscriminada de medicamentos para dormir e estimula o debate sobre práticas médicas mais cautelosas e tratamentos menos invasivos.