Revisão de estudos encontra ligação entre paracetamol e risco de autismo
Pesquisadores apontam relação entre o consumo do medicamento durante a gestação e maior probabilidade de transtornos de neurodesenvolvimento nos filhos
Um estudo conduzido por pesquisadores dos EUA, incluindo equipes do Hospital Mount Sinai e da Universidade de Harvard, analisou 46 publicações sobre o uso de paracetamol na gestação.
A maioria dos trabalhos, especialmente os de maior qualidade, identificou um aumento no risco de autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) em crianças cujas mães utilizaram o medicamento durante a gravidez.
A revisão reuniu informações de mais de 100 mil pessoas de diferentes países. Um estudo de 2024, publicado na Nature Mental Health, acompanhou 307 gestantes e constatou que o risco de TDAH foi 3,15 vezes maior em crianças expostas ao paracetamol no útero.

Já uma pesquisa de 2019, da JAMA Psychiatry, identificou que a probabilidade de autismo foi 3,62 vezes maior em bebês com alta exposição ao fármaco.
Embora não exista consenso sobre como o paracetamol interfere no desenvolvimento fetal, os cientistas apontam hipóteses: atravessar a barreira placentária, causar estresse oxidativo, alterar hormônios e modificar a expressão genética, processos que podem impactar a formação cerebral.
Recomendações para gestantes
Os autores destacam que, devido ao uso amplo do medicamento, mesmo um pequeno aumento no risco pode ter impacto relevante na saúde pública.
Eles defendem que gestantes sejam orientadas a limitar o consumo e que diretrizes médicas sejam atualizadas. O uso do paracetamol deve ser sempre feito com prescrição e acompanhamento médico, considerando alternativas seguras para o controle de dor e febre.