Saiba o que pode fazer seu cérebro criar alucinações e por que elas acontecem
Alucinações não afetam apenas quem tem doenças mentais; estresse, sono irregular e até febre alta podem ser gatilhos
As alucinações são percepções falsas produzidas pelo cérebro, sem qualquer estímulo externo. Embora pareçam reais, são fruto de uma atividade cerebral alterada que engana os sentidos (visão, audição, olfato, tato ou paladar).

Esse fenômeno, semelhante ao mecanismo dos sonhos, pode levar a pessoa a reagir como se estivesse diante de algo verdadeiro, mesmo quando nada está acontecendo de fato.
Em uma alucinação visual, por exemplo, a pessoa enxerga uma imagem imaginária sobreposta ao ambiente real. Como esse processo ocorre de forma inconsciente, a tendência é aceitar a alucinação como realidade.
Tipos mais comuns de alucinação
As alucinações podem atingir qualquer um dos cinco sentidos. Veja os principais tipos:
- Auditivas: sons, ruídos ou vozes que não existem. São comuns em transtornos psiquiátricos como a esquizofrenia.
- Visuais: envolvem imagens, pessoas ou luzes que não estão presentes. Podem estar ligadas a febre alta, uso de drogas ou doenças neurológicas.
- Olfativas: odores inexistentes percebidos, por exemplo, durante crises de epilepsia do lobo temporal.
- Gustativas: sabores sentidos sem que haja qualquer comida ou bebida.
- Táteis: sensação de algo tocando a pele, como insetos caminhando. Comuns em casos de abstinência de álcool.
O que pode desencadear alucinações?
Apesar de muitas vezes associadas ao uso de drogas ou à embriaguez, as alucinações também podem surgir em diversas condições médicas, neurológicas ou psicológicas e até em pessoas saudáveis submetidas a situações extremas.
Distúrbios psiquiátricos
- Esquizofrenia: caracterizada principalmente por alucinações auditivas.
- Transtorno bipolar: episódios mais graves podem desencadear experiências alucinatórias.
- Depressão com sintomas psicóticos: em estágios severos, pode haver alucinações e delírios.
Vale apontar que nem todo caso de transtorno mental implica alucinações.
Doenças neurológicas
- Doença de Parkinson: pode gerar alucinações visuais.
- Epilepsia: sobretudo quando afeta o lobo temporal.
- Demência, como Alzheimer: frequentemente associada a visões ou sons irreais.
Substâncias químicas
- Drogas alucinógenas: como LSD e psilocibina, alteram profundamente a percepção sensorial.
- Álcool: tanto em intoxicações quanto durante a abstinência, podem ocorrer episódios alucinatórios.
- Medicamentos: anestésicos e corticoides, entre outros, podem causar esse efeito como reação adversa.
Fatores clínicos e ambientais
- Febre alta: comum em crianças ou em infecções graves.
- Infecções no sistema nervoso: como meningite e encefalite.
- Distúrbios metabólicos: como hipoglicemia ou desequilíbrio eletrolítico.
- Privação de sono: afeta significativamente a forma como o cérebro processa os estímulos.
- Estresse extremo: especialmente em indivíduos vulneráveis.
- Histórico familiar: aumenta a predisposição a transtornos que causam alucinações.
Alucinação não é delírio
É comum confundir alucinação com delírio, mas são experiências distintas. Enquanto a alucinação é uma percepção falsa (ver, ouvir ou sentir algo que não existe), o delírio é uma crença falsa mantida com convicção, mesmo diante de provas do contrário.
Por exemplo, alguém pode estar convencido de que está sendo perseguido por espiões, sem que haja qualquer indício disso.
Já em uma alucinação, a pessoa vê ou ouve algo inexistente, mas acredita que seja real por confiar em sua própria percepção.
O tipo mais comum
As alucinações auditivas são as mais frequentes, principalmente em casos de esquizofrenia. Nesses episódios, é comum ouvir vozes que parecem comentar atitudes da pessoa, dar ordens ou manter conversas entre si. O conteúdo pode variar muito, indo de mensagens amigáveis a falas ameaçadoras.
Dependendo da intensidade e do teor dessas vozes, o quadro pode gerar riscos, especialmente quando incentivam comportamentos autodestrutivos.
Se notar sinais de alucinações em si ou em alguém próximo, é essencial buscar ajuda médica. Em muitos casos, o diagnóstico e o tratamento adequados podem controlar ou até eliminar os episódios.