Sem oxigênio e com lotação, hospitais de Manaus entram em colapso

Cemitérios ficaram lotados nesta quinta-feira em Manaus, e governo decretou toque de recolher para tentar conter o vírus

O estado de Manaus vive uma situação dramática com inúmeros pacientes com covid-19 morrendo asfixiados pela falta de oxigênio nos hospitais. Alguns médicos que trabalham na capital amazonense tiveram que ventilar manualmente pacientes em estado mais crítico nas UTIs.

Além do aumento de internações por covid-19, a principal empresa que fornece o insumo está com dificuldades de produção. O governo do estado está recebendo oxigênio de outros estados em aviões da Força Aérea Brasileira.

Com aumento de internações por covid-19, falta oxigênio em hospitais de Manaus
Créditos: reprodução/Twitter
Com aumento de internações por covid-19, falta oxigênio em hospitais de Manaus

Em meio ao desespero, algumas famílias de pacientes estão relatando o drama nas redes sociais e pedindo para quem tiver cilindro de oxigênio em casa levar até os hospitais.

“Nós estamos em uma situação deplorável. Simplesmente acabou o oxigênio de toda uma unidade de saúde. Não tem oxigênio, é muita gente morrendo”, conta uma mulher.

Médicos também têm recorrido à internet para fazer o mesmo apelo. “Hoje pela manhã, tivemos uma baixa total de oxigênio, perdemos alguns pacientes, foi um caos”, relata um dos profissionais do Hospital Getúlio Vargas.

O Sindicato dos Médicos do Amazonas pediu para que seja encontrada uma solução para o problema. “Transportar oxigênio de outros estados em caráter de guerra é uma necessidade para salvar vidas”, afirmou Mário Vianna, presidente da entidade.

O caos nos hospitais refletiu no movimento nos cemitérios que ficaram lotados nesta quinta-feira, 14, e tiveram o horário de funcionamento estendido.

Para tentar conter a circulação do vírus, o governo resolveu impor toque de recolher. Agora, as pessoas não poderão sair às ruas de Manaus entre as 19h e as 6h.

Covid-19 em Manaus

Do dia 1º ao dia 12 de janeiro, Manaus teve mais de 2 mil internações por covid-19. Com isso, esse primeiro mês do ano já ultrapassou o total de hospitalizações registrado em maio do ano passado, no início da pandemia no estado.

Um sequenciamento genético realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia identificou uma nova variante do novo coronavírus inédita em circulação no Amazonas. Essa nova linhagem de vírus envolve mutações na proteína spike, responsável por se acoplar nas células humanas para fazer a invasão.

Os pesquisadores ainda estudam qual o impacto dessa nova mutação na pandemia em Manaus e se ela é mais transmissível que as anteriores.