Sequela silenciosa afeta 1 a cada 3 pacientes de AVC

Condição, que afeta o movimento e a coordenação, pode surgir semanas após um AVC; saiba como identificá-la

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
12/06/2025 07:05 / Atualizado em 22/06/2025 23:36

Esta sequela de AVC pode ser controlada com tratamento precoce e acompanhamento adequado
Esta sequela de AVC pode ser controlada com tratamento precoce e acompanhamento adequado - iStock/peterschreiber.media

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte no Brasil e uma das maiores causas de incapacidade no mundo. Apesar de ser amplamente conhecido, suas sequelas menos discutidas ainda afetam silenciosamente milhares de brasileiros. Uma delas é a espasticidade, condição que atinge cerca de 1 em cada 3 pessoas que sobrevivem ao AVC, comprometendo sua mobilidade, autonomia e qualidade de vida.

Mas o que é espasticidade?

Trata-se de um distúrbio motor neurológico caracterizado pelo aumento involuntário do tônus muscular, causando rigidez, espasmos dolorosos e dificuldade para se mover.

A condição ocorre quando o AVC danifica áreas do cérebro responsáveis pelo controle muscular, provocando um desequilíbrio entre os sinais que regulam os músculos — especialmente quando os sinais inibitórios são prejudicados.

A espasticidade costuma afetar principalmente cotovelos, punhos e tornozelos, com graus de intensidade que variam desde rigidez leve até contrações musculares severas. Em casos mais graves, o paciente pode sentir dores constantes, ter dificuldade para andar, se alimentar, vestir ou realizar tarefas básicas do dia a dia.

Quem corre maior risco?

Segundo especialistas, quanto mais grave a lesão cerebral, maiores as chances de desenvolver espasticidade. Estima-se que entre 232 mil e 344 mil novos casos de AVC ocorram anualmente no Brasil, e, entre os que sobrevivem, um número significativo não recebe diagnóstico ou tratamento adequado para essa condição.

Rigidez muscular, espasmos e dores intensas podem surgir semanas após um AVC
Rigidez muscular, espasmos e dores intensas podem surgir semanas após um AVC - Zay Nyi Nyi/istock

De acordo com Celso Vilella Matos, médico fisiatra e presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR), a espasticidade pode ser controlada com tratamento precoce e acompanhamento adequado. “É essencial que o paciente seja encaminhado rapidamente para um fisiatra, que pode prescrever uma reabilitação multifuncional personalizada. Isso aumenta as chances de recuperação funcional e independência.”

Além de causar dor e limitar movimentos, a espasticidade pode aumentar o risco de quedas, fraturas e outras complicações. Dados mostram que 50% dos sobreviventes de AVC ficam dependentes de outras pessoas e 70% não conseguem retornar ao trabalho após o evento.

Apesar dos impactos, a espasticidade ainda é pouco conhecida, subdiagnosticada e cercada de desinformação. Campanhas de conscientização e um olhar mais atento por parte da equipe médica são cruciais para garantir uma recuperação mais digna e funcional aos pacientes.

Reconhecer os sinais precoces, buscar atendimento especializado e iniciar um plano de reabilitação o quanto antes são os primeiros passos para reconquistar qualidade de vida após um AVC.