Sinais de Alzheimer podem aparecer nos olhos antes do início dos sintomas

Estudo indica que doença de Alzheimer começa no cérebro anos antes dos sintomas iniciais

Sinais nos olhos podem indicar Alzheimer
Créditos: iStock/recep-bg
Sinais nos olhos podem indicar Alzheimer

Os olhos são muito mais do que a janela para a alma, eles podem ser a chave para compreender a saúde de nosso cérebro.

A capacidade de visualizar diretamente o sistema nervoso através da retina e do nervo óptico soa quase como algo da ficção científica. Contudo, especialistas têm explorado como o olho pode ser utilizado para diagnosticar doenças neurodegenerativas em seus estágios iniciais.

Enfermidades como a doença de Alzheimer, que têm impacto significativo na memória e comportamento, começam a se desenvolver no cérebro décadas antes dos primeiros sintomas aparecerem.

Se os médicos puderem identificar a doença em seus estágios iniciais, as pessoas poderão implementar escolhas de estilo de vida mais saudáveis. Isso é imprescindível para o controle de fatores de risco modificáveis como diabetes, hipertensão e colesterol alto.

Sinal de alerta para Alzheimer nos olhos

Um estudo recente teve o objetivo de descobrir se os olhos demonstrar sinais de declínio cognitivo. Para isso, os pesquisadores analisaram tecidos doados da retina e do cérebro de 86 indivíduos com diferentes níveis de declínio mental.

“Essas mudanças na retina se correlacionam com mudanças em partes do cérebro chamadas córtices entorrinal e temporal, um centro de memória, navegação e percepção do tempo”, disse a autora sênior do estudo, Maya Koronyo-Hamaoui, professora do Cedars-Sinai em Los Angeles.

Os pesquisadores coletaram amostras de retina e do tecido cerebral ao longo de 14 anos de 86 doadores humanos com doença de Alzheimer e comprometimento cognitivo leve – o maior grupo de amostras de retina já estudado, segundo os autores. Estas amostras foram comparadas com amostras de doadores com função cognitiva normal.

O estudo, publicado na revista Acta Neuropathologica, verificou um aumento significativo no beta-amilóide, indicador da doença, na retina das pessoas com Alzheimer e declínio cognitivo precoce.

Além disso, as células microgliais, responsáveis por reparar e manter outras células, diminuíram 80% naqueles com problemas cognitivos, segundo o estudo.

O futuro do diagnóstico de Alzheimer

Os resultados apontam para uma possível revolução na abordagem do diagnóstico de Alzheimer. A capacidade de detectar a doença mais cedo, por meio de testes de retina não invasivos, pode oferecer inúmeros benefícios.

Entre eles, está a possibilidade de começar tratamentos preventivos mais cedo, retardar a progressão da doença e oferecer aos pacientes mais qualidade de vida.

Embora ainda seja necessário mais pesquisas nesse campo emergente, as descobertas abrem um novo universo de possibilidades para a detecção e tratamento do Alzheimer.