Sintomas de AVC em mulheres que quase ninguém fala

O AVC nas mulheres pode se manifestar de forma diferente e, por isso, entender esses sinais atípicos é tão importante

03/06/2025 19:04

O fator hormonal é uma das principais explicações para os sintomas diferenciados
O fator hormonal é uma das principais explicações para os sintomas diferenciados - Pornpak Khunatorn/istock

Quando falamos de acidente vascular cerebral (AVC), a maioria das pessoas logo pensa nos sintomas clássicos: fraqueza em um braço, rosto caído e dificuldade na fala. Mas atenção: nas mulheres, os sinais podem ser bem diferentes, silenciosos e até surpreendentes.

Essa diferença faz com que muitas mulheres não percebam que estão sofrendo um derrame, perdendo tempo precioso para o atendimento. E quanto mais rápido o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação sem sequelas.

Sintomas de AVC em mulheres que quase ninguém fala

De acordo com especialistas, os sintomas de AVC nas mulheres podem ser mais sutis e facilmente confundidos com outras condições, como ansiedade, estresse ou indisposição.

Os sinais de alerta incluem:

  • Dor de cabeça intensa e repentina
  • Fadiga extrema e fraqueza generalizada
  • Falta de ar e dores no peito
  • Náusea e vômitos sem motivo aparente
  • Confusão mental e dificuldade de concentração
  • Soluços persistentes e inexplicáveis

Entenda por que soluços podem ser sinais de derrame

Pesquisas mostram que, em mulheres, soluços súbitos e sem causa aparente podem ser um sinal de AVC, especialmente quando estão acompanhados de outros sintomas, como vômitos, fraqueza e confusão mental.

Isso ocorre porque o derrame pode afetar áreas do cérebro responsáveis pela respiração e pelos movimentos automáticos, como a medula oblonga e o córtex supratentorial, desencadeando episódios de soluços incontroláveis.

Quando se preocupar:

Se os soluços forem muito fortes, causarem dor na garganta ou vierem acompanhados de outros sintomas, como dor no peito, fraqueza ou confusão, procure ajuda médica imediatamente.

Por que as mulheres têm sintomas diferentes?

O fator hormonal é uma das principais explicações. O estrogênio, hormônio feminino, tem efeito protetor no cérebro, melhorando o fluxo sanguíneo e reduzindo inflamações.

Porém, quando há variações hormonais, como na menopausa, ciclo menstrual, uso de anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal, o risco de AVC pode aumentar.

Um fato preocupante é com relação a mulheres que usam anticoncepcionais, pois elas têm um risco um pouco maior de AVC, embora ainda seja considerado baixo. Dados mostram que cerca de 8,5 em cada 100.000 mulheres podem sofrer AVC devido ao uso desses medicamentos.

Além disso, à medida que o estrogênio natural diminui com a idade, o risco sobe. Tanto que 45% dos AVCs em mulheres ocorrem após os 80 anos, segundo a Associação Americana de Derrame.

O grande problema é que, por serem sintomas atípicos, muitas mulheres demoram para procurar atendimento, o que agrava os danos no cérebro e aumenta as chances de sequelas permanentes ou morte.

Quando procurar ajuda imediata?

Se você ou alguém próximo apresentar qualquer combinação dos seguintes sinais, não hesite: ligue para a emergência imediatamente (192).

  • Soluços fortes e sem explicação
  • Fraqueza intensa, cansaço extremo
  • Confusão, dificuldade para falar ou entender
  • Dor de cabeça súbita e muito forte
  • Náusea, vômitos, falta de ar e dor no peito

Quais mulheres correm mais risco de AVC?

Os fatores de risco para AVC (Acidente Vascular Cerebral) em mulheres incluem tanto os fatores tradicionais, comuns a ambos os sexos, quanto fatores específicos do universo feminino. Veja abaixo:

Fatores de risco comuns (para homens e mulheres)

  • Hipertensão arterial (principal fator de risco)
  • Diabetes
  • Colesterol alto
  • Obesidade e sobrepeso
  • Sedentarismo
  • Tabagismo
  • Consumo excessivo de álcool
  • Doenças cardíacas (como fibrilação atrial)
  • Histórico familiar de AVC
  • Idade avançada

Fatores de risco específicos das mulheres

  • Uso de anticoncepcionais hormonais, especialmente em mulheres com outros fatores de risco, como tabagismo e hipertensão.
  • Terapia de reposição hormonal na menopausa, dependendo do tipo, dose e tempo de uso.
    Gravidez e puerpério, devido a alterações hormonais, aumento da coagulação sanguínea e pressão alta.
  • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia, condições que aumentam significativamente o risco de AVC durante a gestação e posteriormente.
  • Enxaqueca com aura, mais comum em mulheres e associada a maior risco de AVC, especialmente quando combinada com tabagismo e uso de anticoncepcionais.
  • Depressão e estresse crônico, mais prevalentes em mulheres, que impactam negativamente a saúde cardiovascular.
  • Doenças autoimunes, como lúpus, que são mais frequentes nas mulheres e aumentam o risco de trombose e AVC.