Técnica contra infertilidade transforma células da pele em óvulos
O trabalho levanta a possibilidade de as mulheres mais velhas poderem ter filhos que partilham o seu DNA
Uma pesquisa da Universidade de Saúde e Ciências de Oregon, nos Estados Unidos, avança na técnica para transformar uma célula da pele em um óvulo.
A chamada gametogênese in vitro, ou IVG, foi descrita inicialmente pelo pesquisador japonês Katsuhiko Hayashi, que demonstrou poder transformar células da pele de camundongos machos adultos em óvulos saudáveis.
Agora, em um modelo de camundongo, os pesquisadores utilizaram uma técnica que depende da transferência do núcleo de uma célula da pele para um óvulo doado cujo núcleo foi removido.
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O especialista em Reprodução Humana Dr. Fernando Prado explica que, nas experiências em camundongos, os pesquisadores persuadiram o núcleo da célula da pele a reduzir seus cromossomos pela metade.
Assim, ele poderia ser fertilizado por um espermatozoide para criar um embrião viável.
Segundo o médico, que é membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, a técnica poderá ser utilizada por mulheres em idade materna avançada.
Também poderia beneficiar aquelas que não conseguem produzir óvulos viáveis devido a tratamento prévio de câncer. E por fim, levanta a possibilidade de casais homoafetivos terem filhos geneticamente relacionados com ambos os pais.
O estudo foi publicado no começo de março na revista Science Advances.
O processo envolve três etapas:
1) os pesquisadores transplantam o núcleo de uma célula da pele de um camundongo em um óvulo de camundongo que é removido de seu próprio núcleo;
2) impulsionado pelo citoplasma – líquido que preenche as células – dentro do óvulo doado, o núcleo implantado da célula da pele descarta metade de seus cromossomos, em um processo semelhante à meiose, quando as células se dividem para produzir espermatozoides ou óvulos maduros. Isso resulta em um óvulo haplóide com um único conjunto de cromossomos;
3) os pesquisadores então fertilizam o novo óvulo com esperma, um processo chamado fertilização in vitro. “Isto cria um embrião diplóide, ou seja, com dois conjuntos de cromossomos – o que acabaria por resultar em descendentes saudáveis com contribuições genéticas iguais de ambos os pais”, explica o médico.
Embora os pesquisadores também estejam estudando a técnica em óvulos humanos e embriões iniciais, o Dr. Fernando disse que ainda levará anos até que a técnica esteja pronta para uso clínico.
“Ainda há muito trabalho a ser feito para entender como esses cromossomos se emparelham e como se dividem fielmente para realmente reproduzir o que acontece na natureza”, finaliza.