Tratamento com nanopartículas reverte Parkinson em estudo com ratos

Nova abordagem foi capaz de reverter até mesmo parte de danos neurológicos causados pela doença

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
18/01/2025 13:49 / Atualizado em 19/01/2025 15:14

 Cientistas desenvolveram partículas microscópicas que, quando combinadas com terapia de luz, reverteram com sucesso os sintomas de Parkinson em camundongos sem exigir cirurgia cerebral.

Pessoas com Parkinson perdem gradualmente células cerebrais que produzem dopamina, um mensageiro químico crucial que ajuda a controlar o movimento. Essa perda leva aos sintomas reveladores da doença: tremores, movimentos rígidos e problemas de equilíbrio.

Os tratamentos atuais substituem a dopamina por meio de medicamentos ou usam estimulação cerebral profunda por meio de eletrodos cerebrais implantados cirurgicamente para estimular as células saudáveis ​​restantes. Esses eletrodos se conectam a um dispositivo (semelhante a um marcapasso) colocado sob a pele no peito, que envia pulsos elétricos para controlar a atividade cerebral anormal.

A alternativa ao tratamento convencional e cirurgia foi desenvolvida por cientistas do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da China. O sistema que consiste em partículas revestidas de ouro, por um sistema de orientação de anticorpos e produtos químicos peptídicos, projetados para reverter os principais efeitos da doença.

Tratamento inovador foi capaz de reverter Parkinson em ratos
Tratamento inovador foi capaz de reverter Parkinson em ratos - D-Keine/istock

Como o sistema de nanopartículas atua?

Após a entrega no cérebro, as nanopartículas usam seus anticorpos para se ligarem a seus alvos neurais, ativando-se pela absorção de luz quase infravermelha. Ao converter a luz em calor, as minúsculas partículas de ouro desencadeiam mudanças nas células que promovem o reparo enquanto liberam peptídeos que ajudam a quebrar e limpar as fibrilas de proteína alfa-sinucleína que obstruem os cérebros de Parkinson.

“Essas ações orquestradas restauraram neurônios dopaminérgicos patológicos e comportamentos locomotores da doença de Parkinson”, escrevem os pesquisadores em seu artigo publicado.

Ao mirar em receptores celulares relevantes, o nanosistema ‘redesperta’ neurônios danificados, removendo a necessidade de medicamentos. Em vez de apenas injetar mais dopamina, ele faz com que as fábricas de dopamina voltem a funcionar sob a orientação do próprio corpo.