Usar o celular com frequência provoca câncer? Veja o que diz a ciência 

Achados corroboram pesquisas anteriores sobre o tema

19/09/2024 05:15

Usados próximos à cabeça, teoria pregava que os celulares poderiam emitir radiação cancerígena  – Syda_Productions/DepositPhotos
Usados próximos à cabeça, teoria pregava que os celulares poderiam emitir radiação cancerígena  – Syda_Productions/DepositPhotos - Syda_Productions/DepositPhotos

 Eventuais efeitos das ondas de rádio na saúde foram objeto de estudo de uma recente revisão sistemática conduzida por especialistas, revelando que, ao contrário do que se imagina, não há ligação entre o uso de telefones celulares e o desenvolvimento de câncer no cérebro. 

O estudo foi realizado sob  encomenda da Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado na revista científica Environment International.

A descoberta coloca um ponto final no assunto, que se arrastava entre dúvidas e fake news durante anos. . 

Ameaça da radiação é verdadeira? 

A hipótese de que celulares poderiam causar câncer surgiu do fato, acreditam os especialistas, de que esses dispositivos emitem através das ondas de rádio um tipo de radiação não ionizante. 

No entanto, a nova análise, que revisou um vasto conjunto de estudos, confirma que não há evidências de que essas ondas aumentem o risco de câncer cerebral.

Em meio às novas evidências, esta revisão reafirma que é essencial investigar a segurança dessas tecnologias que se tornaram parte central do cotidiano. Embora algumas pesquisas anteriores tenham levantado essa suspeita, estudos mais robustos e recentes demonstram que essa preocupação não se justifica.

Como surgiu a teoria? 

Tudo começou por volta de 2011 quando a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), braço da OMS, classificou as ondas de rádio como “possivelmente cancerígenas”. 

Essa classificação se baseou em estudos observacionais que, por natureza, podem ser tendenciosos, já que se baseiam no relato das pessoas sobre o uso de celulares, o que nem sempre é preciso. 

Um exemplo é o estudo Interphone, que avaliou a relação entre o uso do celular e o câncer no cérebro, mas que agora, com dados mais recentes, se mostra inconsistente.

O que mostram os novos estudos? 

Ao lançar mão de dados de estudos realizados entre 1994 e 2022, o novo relatório oferece uma análise mais abrangente e confiável, levando em conta mais de 5 mil estudos.

Ao todo 63 estudos foram incluídos na revisão final, e a conclusão é clara: não há qualquer associação entre o uso de celulares e câncer no cérebro ou em outras partes da cabeça e pescoço, mesmo em casos de uso prolongado, de mais de dez anos.

Por que não temer o uso do celular? 

Esses achados corroboram pesquisas anteriores e indicam que, embora o uso de celulares e outras tecnologias sem fio tenha crescido exponencialmente, não houve um aumento correspondente nos casos de câncer cerebral.

Além disso, os limites de segurança para exposição às ondas de rádio continuam protegendo a população, já que os celulares emitem radiação muito abaixo desses limites.

Apesar das boas notícias, os especialistas alertam que a ciência deve continuar monitorando a segurança das novas tecnologias, já que o uso de ondas de rádio está em constante evolução. 

O avanço tecnológico traz novas formas de exposição, e é essencial garantir que essas inovações permaneçam seguras para a saúde humana.