Vacina em teste é nova esperança para câncer de fígado

Resultados sugerem que as vacinas baseadas em mutações presentes apenas no tumor do doente podem aumentar a capacidade do sistema imunitário de reagir

17/05/2024 10:15

Quase um terço dos pacientes com câncer do fígado avançado que receberam uma vacina personalizada, juntamente com um medicamento imunoterápico num ensaio clínico inicial, viram os seus tumores encolherem.

Os pesquisadores da  Johns Hopkins Kimmel Cancer Center publicaram os resultados na revista Nature Medicine.

O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma das principais causas de mortes relacionadas ao câncer em todo o mundo.

Menos de um em cada 10 pacientes sobrevive cinco anos após o diagnóstico, já que as terapias imunológicas existentes têm efeitos limitados.

Detalhes do ensaio clínico

O estudo envolveu 36 pacientes com carcinoma hepatocelular. Todos os pacientes receberam o inibidor PD-1 pembrolizumabe em combinação com uma vacina antitumoral personalizada.

vacina câncer e fígado

O efeito adverso mais comum associado à vacina foram reações leves no local da injeção, mas não houve eventos adversos graves.

Quase um terço dos pacientes que receberam a terapia combinada tiveram uma redução nos tumores.

Cerca de 8% tiveram uma resposta completa sem qualquer evidência de tumor após o tratamento combinado.

De acordo com os pesquisadores, será necessário um ensaio clínico maior, mas os resultados são “incrivelmente emocionantes”.

Como é feita a vacina?

Para fazer vacinas personalizadas contra o câncer, os cientistas coletam células de biópsia tumoral para identificar mutações genéticas associadas ao câncer no tumor.

Os cientistas usam um algoritmo de computador para determinar quais dos genes mutados produzem proteínas que o sistema imunológico pode reconhecer.

Em seguida, os cientistas fabricam uma vacina personalizada contendo o DNA dos genes mutados selecionados.

Cada vacina pode incluir até 40 genes. Assim, a vacina ajuda o sistema imunológico a reconhecer as proteínas anormais codificadas nos genes selecionados e a destruir as células que as produzem.

Quais os sintomas do câncer de fígado?

  • Perda de peso inexplicável
  • Perda de apetite
  • Sensação de saciedade após comer uma pequena quantidade de comida
  • Náuseas e vômitos
  • Dor abdominal ou perto do ombro direito
  • Aumento do fígado (hepatomegalia)
  • Aumento do baço (esplenomegalia)
  • Icterícia (amarelamento da pele e dos olhos)
  • Inchaço ou acúmulo de líquido no abdômen (ascite)
  • Fadiga e fraqueza geral
  • Febre
  • Prurido (coceira na pele)
  • Fezes esbranquiçadas ou pálidas

O que causa câncer no fígado?

O câncer de fígado pode ser causado por uma combinação de fatores diversos.

Em primeiro lugar, infecções crônicas pelos vírus da hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV) são causas frequentes, uma vez que estas infecções virais podem levar a inflamação crônica do fígado, resultando em cicatrizes (cirrose) e eventualmente em câncer.

Além disso, o consumo excessivo de álcool ao longo do tempo é outro fator, pois o álcool pode causar danos hepáticos extensos, promovendo a cirrose hepática.

Ademais, a exposição prolongada a toxinas, como a aflatoxina, um subproduto de fungos que podem contaminar alimentos como amendoins e milho, também contribui para o desenvolvimento do câncer de fígado.

A obesidade e o diabetes são fatores de risco significativos, uma vez que estão frequentemente associados à doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e à esteato-hepatite não alcoólica (EHNA).

Não obstante, fatores genéticos e predisposições familiares também desempenham um papel importante no risco de desenvolver câncer de fígado.

Além do mais, o uso prolongado de esteroides anabolizantes, utilizados para aumentar a massa muscular, tem sido associado a um risco elevado de câncer de fígado.