Variante Delta dribla facilmente a proteção da 1ª dose das vacinas
Estudo mostra que apenas uma dose da AstraZeneca ou da Pfizer quase não tem efeito contra a mutação do vírus Delta
A variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, ameaça até países onde a vacinação contra a covid-19 já está adiantada. Dois fatores podem explicar isso. Além dessa variante ser muito mais transmissível que a cepa original, ela pode driblar facilmente a proteção da primeira dose das vacinas contra a covid-19.
Um estudo realizado pelos cientistas do Instituto Pasteur, na França, constatou isso ao testar essa variante contra anticorpos de 56 pessoas que haviam recebido as vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca.
Os testes feitos em laboratório com o sangue dessas pessoas mostraram que a primeira dose desses imunizantes “quase não inibiu” a variante Delta, segundo a equipe.
Dos voluntários que receberam a Pfizer, apenas 13% deles produziram anticorpos capazes de neutralizar a cepa. Com a AstraZeneca, apenas 9%.
Mas, cerca de 4 a 5 semanas após a segunda dose desses imunizantes, a situação mudou completamente.
Novos testes mostraram que 96% das pessoas que tomaram duas doses da Pfizer e 95% das que receberam as doses da AstraZeneca desenvolveram anticorpos em quantidade suficiente para neutralizar a variante.
Quase todos receberam o que os pesquisadores consideraram um reforço imunológico forte o suficiente para neutralizar a infecção – mesmo que tenha se mostrado um pouco menos potente do que contra as versões anteriores do vírus.
O resultado do estudo reforça que as vacinas protegem contra a variante Delta, mas só após o esquema vacinal completo, com as duas doses.
Os pesquisadores franceses também testaram pessoas não vacinadas que sobreviveram ao coronavírus e descobriram que seus anticorpos eram quatro vezes menos potentes contra a variante.