5 passeios sustentáveis para fazer na região de Bonito (MS)
Bonito, o primeiro destino de ecoturismo do mundo a virar carbono neutro, recebeu evento internacional de aventura
Sustentabilidade têm sido o norte do turismo na região de Bonito, Mato Grosso do Sul. O destino bateu um feito inédito. Bonito se tornou o primeiro local de ecoturismo do mundo a receber a certificação carbono neutro, pela Green Initiative.
A expressão significa que o destino consegue absorver todo o carbono emitido pelas atividades turísticas. Mas como isso aconteceu? Conto mais abaixo sobre alguns passeios da região que se adaptaram às urgências climáticas.

Foi justamente em Bonito, agora o destino mais sustentável do Brasil, que aconteceu um dos maiores eventos de aventura do mundo, feito pela organização norte-americana Adventure Travel Trade Association.
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Jogar luz a esse destino focado em práticas sustentáveis é parte de um plano. Filha de Mato Grosso do Sul, a executiva Gabriella Stowell, vice-presidente regional de desenvolvimento da ATTA começou no turismo como guia no Estado e agora trouxe profissionais do mundo todo para conhecer as iniciativas verdes que temos por aqui.
“Sempre me encantei em levar as pessoas à natureza. Acredito que a gente só cuida do que conhece, e agora 20 e poucos anos depois apresento esse destino ao mundo. Quero que todos sintam o vento do Pantanal, o sabor da guavira, saibam da importância desse lugar”, acrescenta Gabi.

Mas quais passeios se destacam por sustentabilidade no Estado e em Bonito?
Abaixo listo cinco passeios imperdíveis, cada um com sua história de preservação e inclusão da comunidade local. Os valores são da agência H2O Ecoturismo e Eventos, que ajuda o turista a chegar lá.
5 passeios sustentáveis para fazer na região de Bonito (MS)
1 – Maior rapel de plataforma do Brasil
A fazenda Boca da Onça fica em Bodoquena, a 40 minutos de carro da cidade de Bonito, e lá está o maior rapel de plataforma do Brasil. Trata-se de uma descida de 90 metros, sobre um vale cortado pelo rio Salobra. Você pode ver o vídeo da aventura.

A fazenda, antes dedicada a criação de gado, teve o destino transformado por Ângela Quartim Barbosa, dona do local e visionária.
Ângela encontrou 8 cachoeiras lindíssimas da fazenda, incluindo a que dá nome ao local, a cachoeira Boca da Onça, com 156 metros, a maior do Mato Grosso do Sul, e enxergou nelas a oportunidade do ecoturismo. Preservar vale mais do que usar as terras para pasto.

Hoje 55% da fazenda, antes dedicada só a pastagens, é nativa e está preservada. Angela também estabeleceu rígidos processos de controle de segurança e manejo de resíduos.
Com equipamento europeu de primeira e funcionários muito bem treinados, o passeio de descida do maior rapel do Brasil tem toda segurança possível. Desci os 90 metros tranquilamente, e vi crianças de 10 anos fazerem o mesmo.

O passeio de um dia inclui café da manhã e almoço com gostinho de fazenda, trilha pelas 8 cachoeiras, incluindo paisagens incríveis como o poço buraco do macaco e a piscina natural de borda infinita, chamada janela para o céu.
O passeio custa a partir de R$ 750, inclui café da manhã e almoço com comida caseira.
2 – Abismo Anhumas
Descer 72 metros dentro de uma caverna estreita, por rochas milenares, com o lago límpido e gelado à espera. O Abismo Anhumas é um passeio único no Brasil.

Conheci o abismo em 2006, ele comecou a funcionar em 1999. Na época, para descer os paredões da caverna era preciso faze rapel na mão, com a subida na marra, com corda, braços e pernas. Agora, o rapel é elétrico e não há esforço na subida e descida.
Dentro da caverna, o lago gelado de 80 metros de profundidade permite a exploração de barco e snorkel, com roupa especial de neoprene. O equipamento está incluso no passeio para quem decidiu mergulhar.


Não há muitos peixes no local, mas é impressionante boiar sobre estruturas de cones calcários formados há milhões de anos. É lá, submerso, inclusive, que está o maior cone calcário do mundo, de 80 metros.
O número de pessoas por dia é controlado, as águas são constantemente monitoradas, e a fauna local, também. Guias locais foram treinados para explorar turisticamente sem deixar com que o visitante degrade. Não se pode caminhar por partes da caverna e sequer tocar as rochas.
A caverna abriga um ecossistema específico com plantas, animais e microorganismos adaptados a condições de vida únicas, o que exige muito controle. O passeio custa a partir de R$ 987 por pessoa
3 – Flutuação do Rio da Prata
Você já viu um vulcão debaixo da água? Passar pelas nascentes borbulhantes do Rio da Prata é uma das experiências durante a flutuação no local, em meio a peixes gigantes.

E os peixes estão lá porque o destino assim decidiu. Não é permitida pesca em Bonito, tampouco o uso de cremes, repelentes e filtro solar para entrar no rio.
O passeio para flutuação do Rio da Prata tem regras bem definidas, que ajudam na preservação da natureza exuberante do local, há mais de 25 anos.

Entre os trabalhos para preservação estão o de meta de lixo zero, com gestão de resíduos passam por processos de reciclagem, compostagem ou reaproveitamento, uso de energia solar e técnicas agroflorestais, que integram a produção agrícola à conservação florestal, permitindo um uso sustentável do solo.
Esses sistemas ajudam a restaurar a terra e promover a biodiversidade, pois gera impacto ambiental positivo de longo prazo.

Transparente, o rio que fica no Recanto Ecológico do Rio da Prata permite visibilidade extrema, durante mais de uma hora dentro da água.
Durante o trajeto, sem bater os pés e mexendo os braços de forma lenta, a sensação de imersão na natureza é iminente. Um clássico que não pode ficar de fora durante sua viagem.
O passeio no Recanto Ecológico do Rio da Prata custa a partir de R$ 388 por pessoa e inclui almoço com comida caseira.
4 – Gruta do Lago azul
Um dos cartões-postais de Bonito, a gruta do Lago Azul já foi alvo de atiradores, que, nas décadas de 70 e 80 miravam nas estalagmites e estalactites milenares para atirar. Dá para acreditar?

Hoje, tombada pelo IPHAN(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a caverna está protegida. Durante anos de estudo foram descobertos um conjunto de minerais raros e fósseis de mamíferos que viveram durante a Era Glacial, que durou aproximadamente 2,58 milhões de anos e aconteceu há quase 12 mil anos, chamado período geológico do Pleistoceno.

É possível visitar somente para contemplação, e em número limitado de turistas por vez.
Uma pequena trilha de 10 minutos leva até a caverna, que tem uma série de 300 degraus até chegar próximo ao lago icônico, que se transforma em tons de azul profundo com a incidência de luz dentro da caverna. O passeio custa R$ 110 por pessoa.

5 – Rapel na cachoeira do Inferninho: 30 metros
Foi a primeira vez que desci de rapel em uma cachoeira o que é muito diferente de um paredão normal ou uma caverna. E foi logo em uma cachoeira de 30 metros. A cachoeira do inferninho fica próxima a Campo Grande, no caminho a Bonito.

Não tem infra-estrutura preparada, tudo é montado na hora com a empresa Trilha Extrema. Depois que termina, nenhum rastro é deixado e se levanta acampamento. A natureza fica intacta.
Em um primeiro momento, depois de devidamente equipada, pendurar-se ao lado da água será seu principal desafio. Mesmo porque depois que começou a descer, você tem que chegar lá embaixo.
As pedras molhadas também são difíceis, e você escorrega tentando apoiar na parede. É um baita desafio. Mas a equipe qda Trilha Extrema que te apoia acima e te espera lá embaixo não te deixa desanimar.
Fico feliz que não desisti. Você pode ver o passeio neste vídeo. O rapel custa R$ 100 por pessoa.
Onde ficar em Bonito?
Bonito tem opções de pousadas e hotéis que vão desde o centro até os mais afastados. Mas em viagem, gosto da praticidade de estar na cidade perto de tudo.

Dentro do conceito hotel boutique muito bem-localizado está a charmosa pousada Arte da Natureza. Em menos de 10 minutos a pé chega-se ao centrinho da cidade.

Imensas piscinas com cascatas e bares molhados serpenteiam pelo jardim da pousada. Uma delas, coberta aquecida, com temperatura média de 35ºC. São seis hidromassagens externas.
Os quartos são bem charmosos, com ar-condicionado, e camas duplas, muitos deles podem acomodar uma família. Mas o charme mesmo são os quartos com piscina privativa na varanda.
O café da manhã é uma atração imperdível. Conta com bolos caseiros recheados, do tradicional cenoura com chocolate até os gelados de coco. O pão de queijo feito na hora tem opção sem glúten.

Ao cair da noite, a Arte da Natureza costuma colocar música ao vivo na piscina. Realmente não dá vontade de sair dessa pousada. Para mais viagens incríveis siga o instagram @ladobviagem.