Restaurante mescla iguarias brasileiras com receitas francesas
Por Heitor e Silvia Reali
Você já viu alguma coisa mais trivial do que cortar pão? E, a segunda mais corriqueira não seria passar manteiga nele? Tão banais que até passam despercebidas, certo? Pois então te convido para ver Natália fazer essas duas coisas. Com a desculpa de tirar fotos da cozinha da Bou Tartineria, fiquei observando como é bonito ver a delicadeza e a precisão de seus gestos ao montar uma tartine.
A tartine, explica o “Larousse”, é uma fatia de pão recoberta de manteiga, geleia de frutas ou outra substância alimentar fácil de espalhar. Seria uma espécie de sanduíche aberto? Quase, mas o que faz toda diferença no caso das tartines da Bou, são os bons ingredientes e obedecer a sazonalidade dos produtos –valorizações que Natália observou na culinária francesa do dia a dia quando cursava gastronomia.
Natália Vilas Boas Bourgogne (já deu para sacar de onde veio o nome do bistrô e ao mesmo tempo a homenagem aos antepassados), é chef de cuisine, que escrevo assim mesmo em francês não por frescura, mas porque ela se formou no renomado Instituto Paul Bocuse, em Lyon, tida capital gastronômica da França. Em Lyon, Natália estagiou no Mon Bistrot a Moi, e em Girona, cidade próxima a Barcelona, trabalhou no El Celler de Can Roca, tido um dos três primeiros restaurantes do mundo em cozinha molecular. De volta ao Brasil foi umas das chefs de praça fria do Maní.
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Um belo dia decidiu abrir seu próprio restaurante. Um espaço que a representasse, que fosse ao mesmo tempo contemporâneo e campestre, refinado e simples, brasileiro e francês.
O maior acerto da cozinha de Natália está na criatividade de mesclar ingredientes regionais brasileiros como nossas castanhas de baru, caju, ou do Pará, pimentas da Amazônia, queijo coalho e cupuaçu com receitas tradicionais francesas. Outro fator são os pães artesanais feitos com metade farinha orgânica italiana e a outra metade brasileira, produzidos por uma amiga.
Para antecipar o gostinho, ouça só alguns dos pratos que indico: tartare vegano com pasta de grão de bico e cogumelos, cordeiro com especiarias, ovo perfeito com creme de inhame, queijo meia cura e farofa de pães. Se curtir sabores intensos, prove o polvo à vinagrete ou ostras frescas, e aos sábados você irá encontrar moules et frites.
De sobremesa que tal um brownie com recheio de cupuaçu, ou uma tartine de ‘nutella’ caseira, a base de castanhas brasileiras no pão brioche entre outras gostosuras? Para acompanhar há boas cervejas artesanais, sucos, vinho ou drinques especiais.
Tudo na Tartineria é feito em família, a irmã gêmea capricha na identidade visual do restaurante, a mãe cuida do jardim e da horta, já o pai fez a maior parte dos móveis em madeira. Tá vendo porque lá no alto eu disse chez, preposição que em francês define –em casa de? Reforçam essa ideia os dizeres escritos na porta de vidro que separa as mesas do jardim: Bem-vindo, enfim você chegou! Entre e sinta-se em casa.
E, qual é a melhor hora para saborear uma tartine? Qualquer hora, do café ao jantar. Para mim que fui no meio da tarde me lembrou o campestre costume brasileiro de merendar.
Quer algo mais simples e gostoso? Só se for na casa de uma amiga e que dá gosto ver seus gestos bonitos enquanto cozinha para nós.
Bou Tartineria
Onde: Av. Jacutinga 96, Indianópolis. Tel.: (11) 2548-3055
Para saber mais: www.boutartineria.com.br.