Brasil registra mais de um caso de confusão em voo por dia

Somente no ano passado, foram registradas 585 ocorrências, recorde em quatro anos, segundo a Abear

Por: Redação

A cena de confusão generalizadas em um voo da Gol que viralizou nas redes sociais na semana passada não  é um fato isolado no Brasil. Levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) revela que suas associadas registraram mais de um caso por dia de passageiros indisciplinados entre 2019 e 2022.

Somente no ano passado, foram 585 ocorrências, recorde em quatro anos. Em 2021, foram 434 eventos, 222 em 2020, durante o auge da pandemia, e 304 em 2019.

Briga entre passageiros causa tumulto e faz voo da Gol atrasar
Créditos: Reprodução/Twitter
Briga entre passageiros causa tumulto e faz voo da Gol atrasar

De acordo com a Abear, dos 585 eventos de passageiros indisciplinados no ano passado, 9% envolveram agressões físicas leves ou mais violentas (aumento de 2 pontos percentuais ante 7% de 2021), sendo 36% durante o voo e 64% em solo. Do total de casos registrados, 42% ocorreram em solo, 32% em solo na aeronave e 26% durante o voo.

“Esses dados trazem à tona um problema que tem preocupado empresas aéreas, autoridades aeronáuticas e aeroportos em todo o mundo, pois os casos vêm crescendo assustadoramente e geram impactos negativos em toda a cadeia do transporte aéreo”, diz afirma o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

Os casos de confusões também afetam a malha aérea, causando atrasos nos voos seguintes. “Quando há um caso de passageiro indisciplinado, além do prejuízo aos passageiros daquele voo, há o efeito em toda a malha aérea, com atraso dos voos seguintes, impacto no tráfego aéreo e no gerenciamento de tripulação [pilotos e comissários], só para citar alguns exemplos”, afirma Eduardo.

Punição mais severa para casos de confusão em voo

A Abear tem pleiteado, junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mais rapidez na definição de regras claras para o gerenciamento dos casos, incluindo punições mais severas e que podem contemplar multas, indenização dos prejuízos e, para os casos mais graves, a proibição de voar.

Para Eduardo Sanovicz, a manutenção dos níveis de segurança da aviação é a prioridade. “Assim como tem sido feito pelo resto do mundo, é vital que haja uma regulamentação que inclua os casos em solo e puna principalmente os casos mais graves. Estamos colaborando com a Anac nesse sentido, apresentando todos os dados e fatos dos últimos anos”, acrescenta.

Com o crescimento dos casos de indisciplina a bordo em todo o mundo, empresas aéreas como Delta, American Airlines, United e Southwest têm suas próprias listas de passageiros proibidos de voar. Na Europa, algumas empresas aéreas têm a mesma prática.

Desde 2021, a agência reguladora americana, Federal Aviation Administration (FAA), possui política de ‘tolerância zero’ e conta com multas de até US$ 37 mil para os passageiros que atrapalham o funcionamento do transporte aéreo, totalizando cerca de US$ 7 milhões de multas aplicadas, além de investigações criminais encaminhadas ao FBI. Segundo a agência, essa política reduziu os casos em mais de 60%.