Cachaça da Paraíba: conheça os Caminhos dos Engenhos

Roteiro na Paraíba reúne produtores de cachaça que podem ser visitados

Desde que foi reconhecida como produto exclusivo do Brasil, a cachaça deixou de ser associada à bebida de baixa qualidade e tem sido valorizada, não só por aqui mas também no exterior.

Exportada para quase 80 países e com produção anual de 1,3 bilhão de litros, a cachaça teve quase 8,5 milhões de litros enviados para fora, em 2018, segundo dados da Expocachaça.

Paraíba tem rota para quem aprecia uma boa cachaça
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
Paraíba tem rota para quem aprecia uma boa cachaça

Só no Brasil são cerca de 30 mil produtores e quatro mil marcas de cachaça, em todo o país.

E a Paraíba é um desses paraísos.

A 130 quilômetros de João Pessoa, aproximadamente, o roteiro ‘Caminhos dos Engenhos’ reúne produtores que podem ser visitados, em municípios como Areia, Bananeiras e Alagoa Grande.

É tudo tão diferente do que costumamos ouvir sobre o Nordeste, que tem até uma rota para quem quer aproveitar o clima frio, em plena Serra da Borborema, no interior da Paraíba.

Engenho Triunfo é um dos empreendimentos abertos a visitação
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
Engenho Triunfo é um dos empreendimentos abertos a visitação

De julho a setembro, a rota ‘Caminhos do Frio’ acontece em nove municípios que se revezam em eventos que vão de arte em Pilões à feira de agricultura familiar e oficinas de hortas suspensas, em Serraria e Remígio, respectivamente.

Esse estado nordestino é considerado o maior produtor de cachaça de alambique do Brasil. São 12 milhões de litros por ano, em 80 engenhos, segundo a Associação Paraibana dos Engenhos de Cachaça de Alambique (ASPECA).

O Engenho Vaca Brava, em Areia, produz por ano cerca de 3,5 milhões de litros, como a cachaça Matuta, armazenada em tonei de inox ou na umburana
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
O Engenho Vaca Brava, em Areia, produz por ano cerca de 3,5 milhões de litros, como a cachaça Matuta, armazenada em tonei de inox ou na umburana

Mas como a gente não veio aqui só para conversar (e muito menos se perder em assuntos técnicos), confira as atrações dos ‘Caminhos dos Engenhos’, cujos termômetros chegam a marcar temperaturas inferiores a 20º, nos meses mais frios.

Cachaça da Paraíba

Notas de mel, aromas frutados e sem queimação.

A fama da cachaça paraibana se deve à baixa acidez da bebida na região, permitindo assim melhor percepção do sabor e do aroma, segundo o professor do Departamento de Tecnologia Sucroalcooleira da UFPB, Pablo Nogueira Teles Moreira.

Engenho Lagoa Verde, em Alagoa Grande, no Brejo paraibano
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
Engenho Lagoa Verde, em Alagoa Grande, no Brejo paraibano

Moreira destaca também a fermentação caipira na Paraíba, técnica que aproveita as leveduras selvagens da cana, sem a necessidade de acrescentar levedura comercial, e a umidade do Brejo paraibano. “As chuvas costumam ser mais regulares, garantindo oferta de água para toda a safra e padronização da bebida”.

A Volúpia ficou conhecida pelo polêmico rótulo que, até os anos 80, tinha a imagem de uma mulher seminua que escandalizaria os padrões morais locais
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
A Volúpia ficou conhecida pelo polêmico rótulo que, até os anos 80, tinha a imagem de uma mulher seminua que escandalizaria os padrões morais locais

Existem duas maneiras de fabricar cachaça. No processo industrial (de “coluna”), são usados tanques de aço inoxidável, “o que garante melhor rendimento por tonelada”, como explica Luciana Fernandes, engenheira de alimentos do Engenho São Paulo.

Localizado em um casarão de 1870, em Areia, o Museu da Rapadura também exposição de maquinário, cômodos residenciais da época e uma coleção com mais de 300 garrafas de cachaças brasileiras
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
Localizado em um casarão de 1870, em Areia, o Museu da Rapadura também exposição de maquinário, cômodos residenciais da época e uma coleção com mais de 300 garrafas de cachaças brasileiras

Para a cachaça artesanal (“de alambique”), a destilação é feita em alambiques de cobre. Nesse processo mais tradicional, são descartadas a “cabeça” e a “cauda” da bebida, as primeiras e últimas etapas da destilação, que contêm impurezas e metais, prejudiciais à saúde.

Embora ainda não tenha estrutura para turistas, o Engenho Vaca Brava, produtor da Matuta, recebe visitantes para conhecer suas instalações, onde fica esse engenho a vapor de 1865, em funcionamento até 2014
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
Embora ainda não tenha estrutura para turistas, o Engenho Vaca Brava, produtor da Matuta, recebe visitantes para conhecer suas instalações, onde fica esse engenho a vapor de 1865, em funcionamento até 2014

De acordo com dados da Expocachaça, 30% da produção nacional é de cachaça de alambique.

Uma boa ideia

Dizem que o hábito de servir cachaça gelada é coisa de paraibano.

Para celebrar os 25 anos da marca, o engenho Triunfo lançou, recentemente, a Triunfo Ice, uma bebida gaseificada em lata e com sabor limão
Créditos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta
Para celebrar os 25 anos da marca, o engenho Triunfo lançou, recentemente, a Triunfo Ice, uma bebida gaseificada em lata e com sabor limão

Mito ou não, o fato é que essa versão mascara a primeira impressão do álcool que vem à boca e destaca o sabor frutado, conforme explica Múcio Fernandes, do Engenho São Paulo.

Em parceria com Viagem em Pauta

O Viagem em Pauta é o projeto pessoal do jornalista Eduardo Vessoni, profissional que atua com turismo desde 2008 e já colocou os pés em todos os continentes.

Este conteúdo - assim como as respectivas imagens, vídeos e áudios - é de responsabilidade do usuário viagemempauta

A Catraca Livre disponibiliza espaço no site para que qualquer interessado possa contribuir com cidades mais acolhedoras, educadas e criativas, sempre respeitando a diversidade de opiniões.

As informações acima são de responsabilidade do autor e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.