Conheça o vilarejo sem ruas que vive sobre passarelas no Chile

Ilhas, fiordes, canais estreitos e montanhas de pico nevado. À primeira vista, tudo parece igual a qualquer destino da Patagônia chilena.

Mas em Caleta Tortel nada será parecido ao que você já leu ou viu naquelas terras distantes do sul do Chile.

Vista do vilarejo de Caleta Tortel, na Patagônia chilena

Neste vilarejo da província de Capitán Prat, carros não entram e visitantes contam com 7,5 km de plataformas e pontes de cipreste interligadas. O destino é declarado Monumento Nacional por sua arquitetura e pelo inusitado estilo de vida local.

Localizado entre os Campo de Gelo Norte e Sul, o destino é endereço da desembocadura do rio Baker, considerado o mais caudaloso do país e antigas terras de povos nômade-canoeiros, conhecidos como kawésqar, que se dirigiam ao Estreito de Magalhães, no extremo sul do continente.

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Entre as atrações estão mais famosas está a misteriosa Isla de Los Muertos, uma ilha de 39 hectares que abriga túmulos de trabalhadores da Ilha de Chiloé que morreram, misteriosamente, na ilha.

O destaque é o cemitério de 1906, uma área de 248 m² que guarda os restos mortais de pessoas não identificadas, cuja única referência são cruzes de madeiras espalhadas pela vegetação da ilha. Diversas teorias tentam explicar a morte em série, entre elas a de envenenamento por parte da empresa contratante e também a de um surto de escorbuto, doença causada pela falta de vitamina C no organismo.

A atração é considerada um dos maiores mistérios da Patagônia chilena.

Glacial Steffens, no Campo de Gelo Norte, na Patagônia chilena

Situado na Provincia de los Glaciares, que inclui também Villa O’Higgins e Cochrane, o destino é conhecido por suas geleiras que podem ser visitadas, como os ventisqueros, como são chamadas as grandes acumulações de neve, em uma montanha.

O mais famoso é o Ventisquero Steffens, glacial suspenso que é considerado o mais austral do Campo de Gelo Norte, no Parque Nacional Laguna San Rafael. O atrativo pode ser visitado, após uma navegação de até três horas, combinada com um trekking de 3,5 km.

Outro ventisquero famoso da região é o Jorge Montt, a sudoeste de Caleta Tortel, no extremo norte do Campo de Gelo Sul. O local pode ser visitado em passeios de barcos que navegam entre blocos de gelo até bem perto aos paredões do glacial.

Não tem como escapar

Prepare-se para longos períodos de chuvas e temperaturas baixas, mesmo na temporada de verão. Com clima marítimo-chuvoso, o destino tem temperatura média de 8°C e precipitações que variam de 131 mm (em setembro) a 180mm, em maio, quando a região atinge seu pico de chuvas.

Devido ao isolamento e fragilidade da região, não é raro haver racionamento de energia elétrica e de água. Prepare-se também para caminhar, durante todo o dia, sobretudo por áreas úmidas e escorregadias, devido à grande quantidade de chuvas na região.

Mas pode certeza que essa é uma das experiências mais inusitadas do sul do Chile.

Como chegar

O acesso é pelo trecho sul da Carretera Austral (Ruta 7), desde Coyhaique, a mais de 460 km de Caleta Tortel. São 334 km até Cochrane (de 6 a 7 horas de viagem) e outros 128 km de Cochrane a Tortel, uma viagem que dura de duas a três horas.

Embora conte com um aeródromo, o destino não conta com voos regulares. Mas em certas épocas é possível voar entre o aeroporto de Coihaique, em Balmaceda, e Caleta Tortel.

Em parceria com Viagem em Pauta

O Viagem em Pauta é o projeto pessoal do jornalista Eduardo Vessoni, profissional que atua com turismo desde 2008 e já colocou os pés em todos os continentes.

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