Dicas e roteiros de atrações em Cambará do Sul (RS)

O brasileiro ainda não se deu conta, mas bem aqui no quintal de casa fica um dos cenários mais impressionantes do continente.

Dona do maior conjunto de cânions da América do Sul, a gaúcha Cambará do Sul vê crescer sob os pés uma cadeia de montanhas de 250 quilômetros de bordas de cânions, entre os Campos de Cima da Serra e o litoral, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A Terra dos Cânions

Do alto, por baixo e pelo rio. O que não faltam são roteiros para ver essas formações milenares com imensas fissuras em seu interior.

Em Cambará do Sul, não espere pelo turismo fácil, assim, bem na porta de casa.

Nessa cidade a menos de 200 km de Porto Alegre, o turismo é de descoberta e os serviços turísticos são tímidos, ainda que, nos últimos anos, a população local tenha, por fim, se dado conta do potencial da região.

Recentemente, o Viagem em Pauta esteve em Cambará e reuniu neste post algumas dicas básicas para quem visita o destino pela primeira vez.

Como chegar

De carro – Na BR-290, conhecida como Freeway, tome ERS-O20, em direção a São José dos Ausentes, uma estrada de pista simples pela Serra de Taquara.

A alternativa, em pista dupla e com menos tráfego, é seguir pela BR-290 até Osório e depois pela BR-101, que segue em direção ao litoral. Da capital gaúcha, são 240 km.

De ônibus – São 5 horas de viagem, aproximadamente, entre Porto Alegre e Cambará do Sul. A empresa que opera a rota POA-Cambará é a Citral e a passagem custa R$ 44.

Vista do Passo do S, no Parque Estadual do Tainhas, a 40 km de Cambará do Sul

De Caxias do Sul, a viagem tem 2h50 de duração e custa R$ 30,20, na Expresso São Marcos.

Transfer – É possível contratar serviços de transfers, a partir do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ou em Gramado. Da capital gaúcha, o trecho custa R$ 480 (carro para até 4 pessoas) e, de Gamado, R$ 360.

Os serviços são operados pela Coiote Turismo e E Passeios.

Locomoção

Cambará do Sul é minúscula e carro nem sempre será necessário. O comércio (restaurantes e agências de turismo) se concentra na avenida Getúlio Vargas, a principal via de Cambará.

No entanto, as atrações do destino ficam em área rural e a alguns quilômetros da cidade.

Para quem quer autonomia nos passeios, o melhor é estar com automóvel (próprio ou alugado em Porto Alegre), mas lembre-se que os acessos são por estradas de terra, geralmente, em péssimo estado de conservação e com alguns pontos sem sinalização.

Para as trilhas no interior de cânions, é preciso encarar a vertiginosa estrada da Serra do Faxinal, entre Cambará e Praia Grande, em Santa Catarina.

É recomendado usar carros 4×4, com pneus reforçados e suspensão mais elevada.

Quando ir

Embora com águas geladas que não convidam para banhos nas cachoeiras, as trilhas são melhores aproveitadas, nos meses de inverno, quando o céu é mais claro e as chuvas deram uma trégua.

O verão é conhecido pela viração, fenômeno causado pelo encontro da massa de ar quente que vem do mar com a umidade da serra. Nessa época, são grandes as chances de se ter todo o visual dos cânions tapado pela serração. É lindo, porém frustrante.

No entanto não tome o clima do centro de Cambará como referência. Os cânions ficam a um distância suficiente para termos condições climáticas bem diferentes, entre a cidade e os setores dos cânions.

Onde ficar

Hotel Parador Casa da Montanha, em Cambará do Sul

No centro – A pousada Pôr do Sol tem quartos bem equipados, com calefação e ducha a gás. Diárias, a partir de R$ 180 (casal).

Já a Cabana Brisa dos Canyons conta com chalés simples com lareira e opções de hospedagem com cozinha. Diárias, a partir de R$ 210.

Outra opção é o Hostel Cape Town, com diárias a R$ 45 (R$ 50, nos finais de semana, em quarto compartilhado. O local conta também com um quarto privativo para casal (R$ 65, por pessoa).

Na área rural – Longe de tudo, mas perto dos cânions.

O setor rural é a melhor opção para quem quer ficar em hotéis de campo e com acesso mais rápido às entradas dos parques nacionais.

Em sua última visita à região, o Viagem em Pauta se hospedou no Parador Casa da Montanha, conhecido pelos chalés de alvenaria e pedras, e pelas barracas térmicas com jacuzzi na varanda, inspiradas nos lodges de luxo da África do Sul. Diárias, a partir de R$ 558 (casal).

Em plena Serra do Faxinal, no caminho para Praia Grande, em Santa Catarina, a Morada dos Canyons fica a 650 metros de altitude e tem vista parcial dos cânions e até do litoral. Diárias, a partir de R$ 755.

Já a Pousada do Engenho fica em São Francisco de Paula e tem hospedagem em cabanas, em uma área com floresta de araucárias e xaxins. As diárias por casal custam, a partir de R$ 830.

Vista da Cabana 15, na Pousada do Engenho, em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul

Atrações

Cânion Itaimbezinho

A 18 km de Cambará, no Parque Nacional dos Aparados da Serra, é o mais famoso da região e conta com melhor infraestrutura para o turista.

Mas para ver aqueles paredões imensos, do alto ou por baixo, é precisar caminhar por trilhas bem sinalizadas e com mirantes de madeira.

trilha do Cotovelo
dificuldade: baixa
extensão: 6 km (ida e volta)
destaques: mata de araucária e mirantes em diferentes pontos de observação do cânion

Vista da trilha pelo interior do cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra

trilha do Vértice
dificuldade: baixa
extensão: 1,5 km (ida e volta)
destaques: cachoeiras das Andorinhas (200 metros de queda, aproximadamente) e Véu de Noiva (480 metros)

 trilha do Rio do Boi
dificuldade: alta
extensão: 12 km
destaque: é uma oportunidade única de caminhar pelo interior de um cânion, com caminhada em mata fechada, sobre pedras soltas e diversas travessias, em diferentes pontos do rio. O local abriga também cachoeiras para banho e só pode ser vistado com o acompanhamento de guias cadastrados.

Cânion Fortaleza

Assim como o Itambezinho, o Fortaleza é um dos únicos cânions abertos para visitação pelas bordas superiores.

Localizado no Parque Nacional da Serra Geral, a 23 km de Cambará, o Fortaleza é o mais profundo, com paredões verticais que chegam a 900 metros de altura, e o mais largo da região, com 7,5 km.

E, por ali, a regra também é caminhar (e muito), mas tenha em conta que esse parque tem sinalização falha ou inexistente, na maioria das trilhas.

Trilha do Mirante, no cânion Fortaleza, no Parque Nacional da Serra Geral

trilha do Mirante
dificuldade: média
extensão: 3,4 km
destaque: Vista panorâmica do litoral e do ponto mais largo, entre uma borda e outra (2 km, aproximadamente)

 trilha Pedra do Segredo
dificuldade: média
extensão: 2,4 km
destaque: Com vistas parciais do Fortaleza, essa caminhada se destaca pela passagem sobre a cachoeira do Tigre Preto, em direção à pedra que dá nome á caminhada.

 trilha Borda Sul
dificuldade: média
extensão: 14 km
destaque: Mais completa, essa caminhada pela margem sul do cânion é feita em campos de altitude com vista panorâmica do Fortaleza.

 trilha do Tigre Preto
dificuldade: alta
extensão: 18 km
destaque: Ainda pouco explorada, é uma das caminhadas mais selvagens da região, por mata fechada virgem e cruzamento dr rio Tigre Preto, no interior do Cânion Fortaleza. O acesso é pelo município de Jacinto Machado, ao lado de Praia Grande, em Santa Catarina.

O início da trilha fica a 80 km de Cambará e também exige contratação de guia.

Outros cânions

Segundo guias locais, a nova administração dos parques da região tem planos para abrir novas rotas, em cânions locais, mas as opções ainda se concentram apenas no Itaimbezinho e no Fortaleza, os mais conhecidos e mais imponentes da região.

Uma alternativa é a caminhada pelas bordas dos cânions Malacara, Churriado, Corujão e Rio-Leão, uma trilha de 24 km, feita em 8 horas.

Uma opção mais leve é a caminhada até as piscinas do Malacara:
dificuldade: baixa
extensão: 6 km
destaque: piscinas naturais do Malacara e vista interior do cânion. Segundo guias locais, estão sendo negociadas aberturas de trilhas superiores, nos próximos meses.

Cachoeira dos Venâncios

Cachoeira dos Venâncios

Essa sequência de quedas d’água fica a 23 km de Cambará, na fazenda da Cachoeira, e é alimentada pelo Camisas, rio que nasce no Parque Nacional dos Aparados da Serra.

Cavalgadas

Uma das atividades mais procuradas por ali são os roteiros a cavalo pelas bordas de cânions e em propriedades rurais de Cambará.

Os serviços costumam ser oferecidos por agências de turismo ou em pousadas do destino.

Para esse guia, testamos os tours da Fazenda João de Barro (Tel.: (54) 3251-1216 / 9934-1767), a quatro quilômetros do centro de Cambará.

Cavalgada na Fazenda João de Barro, em Cambará do Sul

A cavalgada tem 2 km de duração, em campos abertos da propriedade, e inclui parada na cachoeira do Leão Baio, com 15 metros de altura.

Outra opção de passeio equestre é na Fazenda Santana (Tel.: (48) 9180-8720 / fazendasantana.aparados@hotmail.com), em meio a vales de araucárias e campos nativos.

Arredores

Não que Cambará não tenha opções para ocupar sua programação, por dias.

Mas já que você chegou até aqui, vale a pena esticar o roteiro e visitar outras atrações naturais, em municípios vizinhos.

Em Jaquirana, não deixe de visitar o belo roteiro Circuito das Águas, onde fica o Passo do S, em que o visitante cruza o Rio Tainhas de carro, e a Cachoeira dos Venâncios, considerada uma das mais cenográficas de Aparados da Serra.

O roteiro segue na vizinha, São Francisco de Paula, a 70 km de Cambará, onde fica o Passo da Ilha, cujo lajedo rochoso é atravessado por veículos.

Templo tibetano

Erguido em Três Coroas, a pouco mais de 100 km de Cambará, o Templo Khadro Lin, é parada obrigatória para aquietar a alma.

Foi construído por Chagdud Tulku, quem encontrou na região um cenário parecido a de sua terra natal, o Tibet, e abriga diferentes templos, abertos para visita pública. www.templobudista.org

Não deixe de almoçar no Espaço Tibet, primeiro restaurante tibetano no Brasil, em Três Coroas. Administrado pelo divertido Ogyen Shak e por sua esposa Adriana, a culinária típica tibetana é servida em ambiente com estátuas de Buda, jardins e objetos orientais.

Dicas em trilhas

Trilha do Tigre Preto, no Interior do cânion Fortaleza

– Nem todas as trilhas são sinalizadas e algumas delas exigem a contratação de guias cadastrados como as do Rio do Boi e do Tigre Preto, no interior dos cânions Itaimbezinho e Fortaleza, respectivamente.

– Apenas as trilhas na parte superior dos cânions podem ser feitas por conta própria.

– Leve lanche de trilha e uma garrafa de água, que pode ser reposta, em diversos pontos dos rios locais. Quem contrata os serviços em hotéis de luxo da região, costuma contar com lanche de trilha. O Parador Casa da Montanha é conhecido pelos serviços de piquenique em bordas de cânion, com direito a vinho e até espumantes na Cachoeira das Andorinhas, no cânion Itaimbezinho.

– Com entradas por portarias diferentes, os cânions Itaimbezinho e Fortaleza devem ser programados para serem visitados, em dias diferentes, pois as trilhas são longas, cenográficas e não merecem ser visitadas com pressa.

Vista aérea do cânion Itaimbezinho, em Cambará do Sul

– Para as exigentes trilhas no interior do Fortaleza e do Itaimbezinho, leve uma segunda muda de roupa, pois são caminhadas com travessias de rio.

– As caminhadas mais exigentes, como as do Rio do Boi e do Tigre Preto, contam com trilhas de escape que, além de dar segurança aos caminhantes em uma emergência, facilitam o avanço da trilha, nos trechos mais críticos.

– Trombas d’água são comuns em períodos de chuvas, nos rios do Boi e Tigre Preto. Atualmente, réguas de medição nas entradas das trilhas sinalizam o nível da água e funcionam como termômetro para os guias. Siga sempre as orientações dos guias e não se arrisque em dias de chuvas.

– Para mais informações, consulte a Acontur (Associação de Condutores Locais de Ecoturismo de Cambará do Sul; www.acontur.wordpress.com); e a Associação Tigre Preto de Condutores, em Jacinto Machado (www.tigrepreto.org.br).

Em parceria com Viagem em Pauta

O Viagem em Pauta é o projeto pessoal do jornalista Eduardo Vessoni, profissional que atua com turismo desde 2008 e já colocou os pés em todos os continentes.

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