Feira em Ilhéus tem o cacau como estrela; conheça a ‘Cauchaça’
'Terra' imortalizada por Jorge Amado reuniu produtores, workshops e novidades
Durante quatro dias, a cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, sediou o maior evento dedicado ao chocolate de origem do Brasil.
Em sua 11ª edição, o Chocolat Bahia Festival reuniu 70 produtores de chocolate de origem, além de outros 100 expositores da cadeia cacaueira. Mais de 60 mil pessoas passaram pelo Centro de Convenções de Ilhéus entre os dias 18 e 21 de julho.
A edição deste ano também marcou os 30 anos da crise que abateu a cacauicultura na região, em 1989, com a praga (vassoura-de-bruxa) que dizimou as plantações do sul da Bahia, o que levou os produtores a buscar alternativas.
O Estado deu a volta por cima e hoje, além de liderar o ranking de produção de cacau no país, com mais de 200 mil toneladas produzidas entre 2017 e 2018, produz um dos melhores frutos do mundo.
A saída encontrada pelos produtores locais para a derrocada da produtividade foi o beneficiamento da amêndoa.
Hoje, além do chocolate –que ganhou recentemente selo de origem–, é possível produzir com o fruto geleias, vinho, cerveja e até cachaça, este último um dos destaques da feira (leia mais abaixo).
O cacau também chegou à gastronomia local. Alguns restaurantes de Ilhéus elaboram pratos especiais tendo o fruto como estrela.
Chocolate e turismo
Nestes 11 anos, o Chocolat Bahia Festival contribuiu diretamente para o crescimento vertiginoso da cacauicultura no sul da Bahia.
Idealizado pelo empresário Marco Lessa, eleito duas vezes –2016 e 2018– uma das 100 personalidades mais influentes do agronegócio no Brasil, o evento também fomenta o turismo na região.
Um dos efeitos diretos da feira é sentido no setor hoteleiro, que chega a quase 100% de ocupação durante o Chocolat Bahia Festival.
“Cauchaça”
Um dos destaques da feira é a ‘cauchaça’ –um ‘brand’ que usa como base o mel e o melaço do cacau, que são fermentados e destilados.
A bebida é produzida pela empresa Mais do Cacau, na Fazenda Porto Esperança, e foi lançada no ano passado pelos empresários Marcelo Abrantes, Luísa Soalheiro e José Eduardo Amorim.
A Cauchaça é tão exclusiva que, para a produção de uma única garrafa, são necessários cerca de 900 frutos de cacau.
A bebida ainda passa pelo processo de envelhecimento dentro de um barril de Carvalho, assim como nos uísques. A garrafa custa cerca de R$ 450.
A confeiteira Zilma Helena, da Glacê Doceria, está usando Cauchaça em suas saborosas receitas.
“Você sente o gosto pelo aroma –floral forte–sem precisar tomar uma dose”, diz Zilma, usa a bebida na flambagem, ganache, em recheios e para saborisar suas criações.