O que fazer quando alguma coisa na viagem dá errado – Parte 2

Por The Veigas*

25/04/2018 22:12 / Atualizado em 05/05/2020 10:23

Na semana passada, contamos algumas coisas que deram errado em viagens e como contorná-las. Mas os imprevistos não param por aí!

As estatísticas são implacáveis: quanto mais viajamos, maiores as chances de alguma coisa dar errado
As estatísticas são implacáveis: quanto mais viajamos, maiores as chances de alguma coisa dar errado - Getty Images

Veja a parte 2 da nossa coleção de roubadas:

1 – Coleção de doenças e acidentes

Onde: Pelo mundo

Casos: Intoxicação alimentar? Três: no Chile, na África do Sul e em Cuba. Infecção bizarra no dedo polegar? Sim, a 12 horas de embarcar para os confins da Amazônia. Febre que não passa? Interior da Noruega. Ligamento do tornozelo rompido? Safari na Namíbia. Pé quebrado? Rolando neste exato momento na Itália. E algo nos diz que esta lista ainda está em construção.

Solução: Contrate sempre um seguro saúde.

Para não errar: Já falamos sobre isso no texto anterior, mas reforçamos: mesmo que seu destino não exija, faça esse investimento. Nunca sabemos quando vamos precisar usá-lo e custear essas emergências do próprio bolso pode ser bem caro. Economizar em viagem é sempre maravilhoso, mas neste quesito, infelizmente, a gente tem de gastar um pouco.

2 – Dormi na praça

Onde: Yekaterinburg, Rússia

Caso: Em uma das paradas da Transiberiana, alugamos um apartamento, com check-in às 13h, sem possibilidade de entrarmos antes. Nosso trem chegaria na cidade às 4h da manhã, mas achávamos que isso não seria problema, pois o sol já teria nascido e poderíamos aproveitar a manhã para começar os passeios. Mas não imaginávamos que, na prática, chegaríamos exaustos depois de 24 horas de viagem – e carregando muito mais bagagem que prevíamos.

Solução: Tentamos fazer hora o máximo possível mas chegou um momento em que já tínhamos conhecido todos os cafés e monumentos da região. Cheios de bagagem e de cansaço, fomos para a pracinha na frente do apartamento esperar dar a hora. Quando o proprietário chegou (uma hora atrasado!), ainda tivemos de ouvir bronca –pelo Google Tradutor– porque não atendíamos o celular quando ele precisou nos avisar do novo horário (o número que ele tinha era o nosso brasileiro, que usamos apenas para cadastro no site. Não tínhamos contratado roaming internacional).

Para não errar: Não esqueça de incluir o fator cansaço no planejamento do seu itinerário. Sempre queremos aproveitar ao máximo o tempo, mas ninguém é de ferro. Além disso, deixe tudo muito bem combinado com hotéis, apartamentos e tours – para evitar mal-entendidos e desgastes desnecessários.

3 – Voo perdido

Onde: Marginal Tietê, uma sexta-feira, 14h, São Paulo, Brasil

Caso: O voo estava previsto para as 19h40, em Guarulhos. Sair da região da Berrini depois do almoço parecia ser razoável. Não naquele dia, em uma era pré-Waze. Chegamos ao aeroporto 20 minutos antes de o avião decolar. Ou seja, com o perdão do trocadilho, ficamos a ver navios.

Solução: Passada a raiva e a vontade de bater a cabeça na parede, procuramos o balcão de atendimento da companhia aérea e conseguimos remarcar o voo para o dia seguinte, mediante o pagamento de uma quantia nem um pouco módica. Chegando em casa, corremos para reorganizar o itinerário, cancelar o que não tinha multa e remarcar outros passeios. (Mas até hoje, seis anos depois, a raiva e a vontade de dar com a cabeça na parede não passou totalmente.)

Para não errar: Esqueça aquelas cenas de cinema em que o atrasado corre de forma heroica pelo aeroporto, conta com a solidariedade de funcionários e, no último segundo, passa pela porta do avião, já fechando. Se você tem malas para despachar e chegou depois que o check-in fechou (o que pode ser até 2 horas antes do voo), você não vai embarcar. Saia com muita antecedência, mesmo em cidades menores. Nunca se sabe quando terá greve no transporte público, acidente no caminho, carro quebrado ou um disco voador enguiçado no meio da rua.

Se você tem malas para despachar e chegou depois que o check-in fechou, você não vai embarcar
Se você tem malas para despachar e chegou depois que o check-in fechou, você não vai embarcar - Getty Images/iStockphoto

4 – E-mail proibido

Onde: Pequim, China

Caso: Com dois meses de antecedência, contratamos um tour pela Muralha da China. Pagamos, fornecemos nossos dados e combinamos que a empresa nos buscaria no hotel. Mas esquecemos de dizer onde estaríamos hospedados. Nada que uma rápida troca de e-mails não resolva, certo? Errado! Na véspera do passeio, a empresa nos mandou uma mensagem perguntando onde nos buscaria. Mas enviou para uma conta do Gmail, que é bloqueado na China. Não recebemos nada e ficamos no lobby do hotel esperando por mais de meia hora. Pedimos para um parente no Brasil entrar no e-mail e lá estava a solução do mistério.

Solução: A empresa não deu muita assistência por telefone, ainda mais porque os funcionários não falavam bem inglês. Por sorte, nosso hotel tinha uma agência de viagens que conseguiu nos encaixar em um outro passeio que ainda não tinha saído. E foi melhor ainda: fomos para um segmento da muralha menos movimentado em que você sobe de teleférico e desce de tobogã. Você leu certo: de tobogã.

Para não errar: Verifique se seu destino tem restrições de comunicação. E, acima de tudo, confirme todas as informações na hora de contratar um passeio. É meio óbvio, mas erros acontecem.

5 – Lente da câmera quebrada

Onde: Havana, Cuba

Caso: Depois de uma semana passeando por Cuba, chegou a hora de ir embora. Ao entrar no carro, um movimento errado derrubou nossa câmera profissional. O filtro de proteção ficou preso na estrutura da lente e dava para ver uma trinca enorme, que podia ser da lente ou do filtro. O país não tinha assistência técnica oficial e, mesmo se tivesse, não conseguiríamos resolver a poucas horas de partir para o nosso próximo destino, o Panamá.

Solução: Conseguimos acesso a internet só no nosso hotel panamenho e encontramos uma autorizada em um shopping. Chegamos lá dez minutos antes da loja fechar. Um funcionário sacou um alicate da gaveta, conseguiu arrancar o filtro quebrado e liberou a lente para novas aventuras!

Para não errar: Seja menos estabanado, aceite que acidentes acontecem e entenda que mesmo os micos de viagem rendem boas lembranças e histórias.

*The Veigas são a designer Mariana, o jornalista e escritor Edison e o pequeno Chico – que tem 4 anos e já participou de aventuras em 18 países diferentes. Atualmente, eles moram em Milão. Suas histórias estão em Facebook e Instagram.