‘Selfies safáris’, o pior do turismo selvagem

A Amazônia hoje não é apenas notícia pelo desmatamento, mas também por praticar o pior do turismo selvagem. A investigação exclusiva da ‘National Geographic‘ revela o sofrimento generalizado de animais nas cidades da Amazônia por causa dos “sefies safáris”.

Turista observa boto vermelho em Anavilhanas, no Amazonas
Créditos: Leo Albuquerque
Turista observa boto vermelho em Anavilhanas, no Amazonas

O resultado dos seis meses da pesquisa iniciada em setembro de 2016 pela Organização Mundial de Proteção Animal, sobre o turismo animal em Manaus e Puerto Alegria, Peru, foi publicado dia 17 último no jornal on-line Nature Conservation. E foi vergonhoso!

Os pesquisadores observaram ali pessoas nativas maltratando e colocando em risco a saúde e a própria vida dos animais: segurando com força cobras pelo pescoço, apertando com faixas de borracha os maxilares de jacarés, manipulando preguiças, e irritando araras só para ouvir seus gritos. Perto de Manaus, turistas amontoados em volta de botos-cor-de-rosa que brigavam entre si para ganhar comida. Todo esse flagelo para que os turistas pudessem fazer selfies.

Turistas posam para fotos com jacaré e arara em Puerto Alegría, no Peru

E mais martírios: em Puerto Alegría, os investigadores encontraram um jacaré enjaulado em uma geladeira quebrada, um peixe-boi agonizando em uma piscina infantil, e um nativo batendo em um tamanduá para ele andar e o turista pudesse tirar uma foto perfeita.

O turismo de vida selvagem é um grande negócio. De acordo com a Organização Mundial de Turismo, representa de 20 a 40% do valor anual da indústria turística global de US$ 1,5 trilhão. Grupos de conservação e bem-estar dos animais concordam que, quando uma atividade que envolve vida selvagem cruza a linha da observação para a interação é péssimo para os animais. O problema também é aviltante no Sudeste Asiático, coloca luz no lado sombrio do turismo de vida selvagem, e ainda incentiva o mau turismo quando “famosos” fazem pose para serem publicadas em revistas andando de elefantes, e com filhotes de tigres cativos.

O turismo na Amazônia ainda está em seu início, e representa apenas um por cento do PIB. E, já começou mal. As leis brasileiras e peruanas são claras: é ilegal capturar animais da natureza para mantê-los como estimação, ou um animal selvagem sem licença. No Peru é proibido ganhar dinheiro com animais selvagens cativos. Mas leis são desrespeitadas e muitas vezes são complacentes porque os nativos ganham míseros trocados em troca de selfies de turistas sem consciência.

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