O que cães e gatos podem comer – e o que não deve estar no prato deles
Muita coisa que faz o tutor salivar de vontade não pode ser repartida com o melhor amigo
Dizem que o bicho de estimação, com o tempo, adquire expressões e os mesmos hábitos do tutor. Mas calma. Há fronteiras que não podem ser transpostas entre um e outro. Uma delas é a da alimentação. Seu pet não pode, definitivamente, comer as mesmas coisas que você, já que determinados alimentos estão vetados para ele.
Nesta matéria, vamos falar sobre o que cães e gatos podem comer – e sobre as guloseimas das quais devem passar longe. “Os alimentos são compostos por uma combinação de seis nutrientes: carboidratos [açúcares], proteínas [compostas por aminoácidos], lipídios [gorduras], água, sais minerais e vitaminas”, diz a nutricionista Juliana Emerick Reis Delecrodi, diretora da clínica do CenterVet Hospital Veterinário. “O balanço na ingestão desses seis componentes é fundamental para a saúde do pet. O que vai diferir de uma espécie para a outra e a quantidade de cada componente.”
Frutas
Comecemos pelas frutas. Morango, maçã, banana, mirtilo e melancia sem as sementes são boas pedidas.
Por outro lado, esqueça abacate, ameixa, caqui, pêssego, uva, uva passa e tomate verde. Frutas com caroço em geral devem ser evitadas.
Pipoca na panela
Passando para o campo dos cereais e das sementes, espiga de milho não cai bem para o seu pet. No entanto, uma pipoca bem estourada pode ser um petisco para o animal. Mas não aquelas vendidas no cinema ou em pacotes pré-prontas, cheias de manteiga, sódio ou gorduras vegetais. Dê a ele só a caseira, preparada na panela com milho, um pouco de água e um pouco de sal. Macadâmia e nozes também estão vetadas.
Comidas gordurosas
Comidas muito gordurosas, aliás, não devem fazer parte do menu. Assim, torresmo e pratos como barrigada ou buchada podem abrir o seu apetite e até o do seu amigão, mas não é recomendável que ele o sacie com essas comidas carregadas. Por sinal, alho, alho-poró e cebola também precisam ser banidos da dieta dele, bem como os cogumelos. Batata doce pode.
Carnes
Você pode preparar para seu bichinho um peito de frango cozido. Porém, atenção: carnes e ovos crus não têm lugar “à mesa” do pet. Isso principalmente porque elas podem causar nele infecções por bactérias como salmonela e escherichia coli. E os ossos também podem ser um perigo para o aparelho digestivo do animal doméstico.
Bebidas alcoólicas
Todo bom cardápio inclui as sobremesas e as bebidas. Mas nem pense em compartilhar com seu cão ou gato as bebidas alcoólicas que você eventualmente consuma. Elas farão mal a ele. Mas nem tudo está perdido na hora do drinque: já existem cervejas próprias para cachorros, por exemplo.
Doces, leite e café vetados
Falando das sobremesas, nada de doces. Nem chocolates. Também não vai ter bolo. Tampouco aquele cafezinho para arrematar. Nem com leite: essas duas bebidas não devem ser dadas aos pets.
Pasta de amendoim está liberada, desde que não tenha açúcar.
Legumes
Vamos dar uma volta agora pelo universo das leguminosas que seu pet pode consumir sem problemas.
A começar pela cenoura, que melhora a qualidade da pele e da pelagem e faz bem para os olhos, além de ajudar a limpar os dentes do animal.
Chuchu também é uma boa: é hidratante e contém fibras. A abobrinha é boa para a pele, os ossos, a visão e os sistemas neurológico, imunológico e digestivo.
A beterraba combate inflamações, previne contra doenças cardíacas, ajuda a relaxar a musculatura e a fortalecer o sistema imunológico, além de melhorar o funcionamento do intestino.
Quem ainda potencializa o fortalecimento muscular e o sistema imunológico é a vagem. A ervilha, por sua vez, além de contar pontos a favor da imunidade, atua no equilíbrio dos níveis de colesterol, gordura, sódio e açúcares.
Gosta de brócolis? Pois ele é um ótimo petisco para o pet. Além de anticancerígeno, diminui o nível de colesterol e fortalece o sistema imunológico. Espinafre e alface também integram a lista dos legumes que fazem bem ao seu animal.
Agora, chegou a hora de listar aqueles que ele não pode consumir. São eles: jiló, pimentão, berinjela, batata crua e mandioca brava.
Paladar felino
Existe uma particularidade importante a ser observada na alimentação dos gatos, em relação à dos cachorros. “A exigência proteica dos felinos é maior que a dos cães”, afirma a veterinária Juliana Emerick.
Aliás, lembra-se do provérbio que diz: “Um olho no peixe e o outro no gato”? Ele dá a medida de o quanto os bichanos gostam de um bom peixinho. Tudo bem, esse alimento pode ser de fato uma boa fonte de proteína para eles. Porém, “peixes crus e com espinhos estão proibidos”, ressalta a veterinária.
Outro clássico da preferência felina é o pratinho com leite. Mas não serve qualquer leite: escolha o que não tem lactose para não provocar diarreias ou outros problemas digestivos no gato. Por sua vez, iogurte natural e queijos duros estão liberados.
A veterinária chama ainda a atenção para o uso frequente de enlatados como sardinha e atum. “É melhor evitar, pois podem intoxicar os gatos com mercúrio e causar sérios danos à saúde deles”, diz.
Um erro comum é dar para os bichanos o mesmo tipo de ração consumido pelos cachorros. “As rações de cães têm uma quantidade de proteína que fica aquém das exigências nutricionais dos gatos”, afirma a especialista.
Alimentação natural
O conceito se refere à adoção de uma dieta balanceada à base de ingredientes naturais e minimamente processados. “O segredo é ter um veterinário nutricionista que faça uma boa adequação à necessidade de cada pet”, salienta a veterinária Juliana Emerick.
Segundo ela, fatores como idade, características fisiológicas das raças, local em que o animal vive – solto ou preso –, se exerce atividade física ou está em período de gestação ou amamentação e se possui doenças crônicas como diabetes e insuficiência renal influenciam na formulação da dieta correta.
Também é preciso lembrar que o animal vai precisar de um tempo de adaptação a esse tipo de alimentação, o que deve ser levado em conta na hora do preparo das porções.
Como essas comidas não possuem aditivos ou conservantes, é necessário ainda buscar orientação adequada sobre a forma de conservação dos alimentos.
Por fim, a especialista frisa que a dieta natural com carne e vísceras cruas não é recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) devido ao risco de doenças como a da “vaca louca”.