Ações promovem reinserção socioeconômica de refugiados no Brasil

Brasil desponta como país com diversidade de nacionalidades de imigrantes e refugiados

Redação

Maíra Carvalho

Ações promovem reinserção socioeconômica de refugiados no Brasil
Créditos: Refugio343
Ações promovem reinserção socioeconômica de refugiados no Brasil

O Brasil recebe cerca de 400 imigrantes e refugiados vindos da Venezuela diariamente. Por aqui também chegam muitas pessoas de Cuba, Angola, Nigéria, Afeganistão, Peru, Líbano e uma centena de outros países em busca de novas oportunidades de vida. Segundo último relatório do Observatório das Migrações Internacionais, de 2023, nativos de 139 países solicitaram refúgio ao Brasil. 

Entre as principais causas que levam ao deslocamento forçado estão a guerra civil, perseguição política, violência e violação de direitos humanos. Os problemas, no entanto, não acabam com a imigração e a solicitação de refúgio. Pelo contrário, barreiras ligadas à língua e às diferenças culturais dificultam a inclusão no país. 

Segundo Carolina Nunes, gerente de operação e novos negócios da organização Refúgio 343, que promove a reinserção socioeconômica de refugiados e migrantes no Brasil, o preconceito contra estrangeiros, ou seja, a xenofobia, ainda é o maior desafio para a boa adaptação dessa população. 

“Existe uma percepção equivocada sobre os refugiados e imigrantes, que leva justamente a uma falta de compreensão dos motivos pelos quais essas pessoas estão deixando seus países. Os migrantes não competem contra os residentes e tendem a complementar a força de trabalho preexistente, trazendo benefício econômico para toda a sociedade”, explica.

Refúgio 343

Criado em 2019, o Refúgio 343 iniciou suas operações de maneira informal, no auge da crise generalizada enfrentada pela Venezuela. “Estavam chegando 1.500 venezuelanos por dia no Brasil e Fernando Rangel, que depois veio a fundar a organização, se mobilizou para apoiar algumas famílias”, conta Carolina Nunes. 

Ele começou oferecendo acolhimento como pessoa física e junto com vários amigos, fez uma vaquinha e alugou um imóvel, de número 343, em São Paulo. A primeira família acolhida tinha quatro pessoas. Os amigos se dividiram para ajudar: um fez o currículo, o outro apoiou na inserção profissional, um terceiro arrecadou móveis, o outro matriculou as crianças na escola. Logo essa família ganhou autonomia e em pouco tempo, conseguiram acolher a segunda, depois a terceira… quando tinham acolhido dez famílias, perceberam que era hora de montar uma ONG. 

Refúgio 343 ganhou o prêmio de Empreendedor Social, da Folha, em 2023
Créditos: Refugio343
Refúgio 343 ganhou o prêmio de Empreendedor Social, da Folha, em 2023

Hoje, além de apoiar o processo de interiorização dessa população e sua reinserção socioeconômica, o foco é a Escola Refúgio, que oferece cursos profissionalizantes, curso de língua portuguesa e educação intercultural. “Nós fazemos a ponte com empresas que querem contratar refugiados e migrantes. Apoiamos com elaboração de currículo e toda documentação necessária, depois encaminhamos para as melhores oportunidades e acompanhamos todo o processo seletivo, para que os deveres e direitos sejam cumpridos”, afirma Carolina.

O Refúgio 343 também trabalha apoiando a Operação Acolhida, programa coordenado pelo Governo Federal para receber venezuelanos em situação de refúgio em Roraima. Desde então, já apoiou a interiorização de mais de 4 mil pessoas, em mais de 251 cidades, de 20 estados mais o Distrito Federal. Tamanha dedicação lhe rendeu o título de Melhor Ong do Brasil em 2022 e o prêmio de Empreendedor Social, da Folha, em 2023.

Instituto Estou Refugiado

O Instituto Estou Refugiado é outra organização com forte atuação na empregabilidade. Criado em 2019, inseriu mais de duas mil pessoas imigrantes e refugiadas no mercado de trabalho a partir de uma relação institucional com um grupo de 200 empresas que oferecem vagas de inclusão. Luciana Capobianco, fundadora e diretora executiva do Instituto, também foi tocada pela causa durante uma crise humanitária. 

“Em 2015, com a guerra da Síria, circularam muitas imagens de corpos flutuando no Mediterrâneo, pessoas que deixaram tudo para trás, sem perspectiva. E chegaram muitos sírios no Brasil. Ali pensei que poderia fazer algo, oferecer um recomeço para essas pessoas que estavam chegando sem falar a nossa língua, focar na inserção socioeconômica… não foi nada planejado”, lembra.

Instituto Estou Refugiado já inseriu mais de duas mil pessoas imigrantes e refugiadas no mercado de trabalho
Créditos: Estou Refugiado
Instituto Estou Refugiado já inseriu mais de duas mil pessoas imigrantes e refugiadas no mercado de trabalho

Para Luciana, a barreira da língua é o principal fator que dificulta a colocação profissional, por isso a ONG também mantém uma escola de português para imigrantes e refugiados. Ela ressalta que diferentes perfis chegam ao Brasil: “Chegam muitas pessoas sem formação acadêmica e pessoas com ensino superior, como médicos, engenheiros, professores, etc. Mas independente da qualificação, as empresas preferem contratar quem fala português e leva um tempo para o estrangeiro aprender a língua. Muitos ainda precisam fazer a revalidação do diploma. Então é uma jornada gigante”. 

Segundo Luciana, às vezes isso faz com que o imigrante mude de ideia no meio do caminho e resolva ir para outro país. “Tem acontecido muito com a população afegã, que chega ao Brasil e logo muda a rota para os Estados Unidos, porque muitos já falam inglês e não precisam esperar dois anos para aprender o português e refazer a vida”, afirma.

Quer apoiar essa causa?

Todas as organizações citadas nesta reportagem desenvolvem suas ações por meio de doações e voluntariado. Para mais informações, visite o site, siga as redes sociais ou entre em contato por e-mail:

Refúgio 343

Site: https://refugio343.org/

Linkedin: https://www.linkedin.com/company/refugio343/mycompany/

Facebook: https://www.facebook.com/Refugio343

Instagram: https://instagram.com/refugio343_

E-mail: info@refugio343.org

Estou Refugiado

Site: https://estourefugiado.org.br/

Linkedin:: https://www.linkedin.com/company/estourefugiado/

Facebook: https://www.facebook.com/estourefugiado

Instagram: https://www.instagram.com/estourefugiado/

E-mail: contato@estourefugiado.org.br 

Maíra Carvalho – Lupa do Bem

Causadora de Educação