Governança

"Já vivi o lado sombrio que muitas mulheres relatam", conta líder do Grupo HEINEKEN

Vice-presidente de Pessoas do Grupo HEINEKEN, Raquel Zagui, expõe sua trajetória e ações afirmativas da marca para mulheres

Beatriz Guedes

O Brasil subiu da posição 94º, em 2022, para a 57º, em 2023, no ranking dos países com melhor paridade de gênero, do relatório Global Gender Gap. O índice, divulgado em junho do ano passado pelo Fórum Econômico Mundial, avalia a participação e oportunidades econômicas, oportunidades educacionais, acesso à saúde e empoderamento político das mulheres.

Contudo, ainda há um caminho árduo a percorrer para que a igualdade de gênero seja realmente alcançada, principalmente no âmbito do trabalho. O relatório Mulheres Brasileiras da Opinion Box, divulgado na última quarta-feira, revelou que 30% das profissionais entrevistadas apontaram que, nas empresas em que trabalham, as mulheres ganham menos.

Além disso, a pesquisa também mostrou que 50% delas já se sentiram prejudicadas na sua trajetória profissional por serem mulheres. “Posso imaginar que eu teria sofrido um pouco menos [se fosse um homem] com alguns dilemas e escolhas de vida e de carreira, pois muitas vezes até pessoas próximas e que nos querem bem nos fazem perguntas que nos deixam com sentimento de culpa”, pontua a vice-presidente de Pessoas do Grupo HEINEKEN, Raquel Zagui.

As dificuldades ainda existem

Formada em Engenharia de Produção Mecânica, Raquel conta que iniciou sua carreira aos 22 anos como trainee e seu gestor na época enxergou uma oportunidade em Gente e Gestão e ela aceitou. “Me apaixonei pela área e, desde então, além de estudar sobre pessoas e liderança, passei por posições dentro e fora do País em indústrias de bebidas e bens de consumo”, conta. 

Vice-presidente de Pessoas do Grupo HEINEKEN, Raquel Zagui, conta sobre sua trajetória e ações afirmativas da marca para mulheres
Créditos: Edna Marcelino
Vice-presidente de Pessoas do Grupo HEINEKEN, Raquel Zagui, conta sobre sua trajetória e ações afirmativas da marca para mulheres

A executiva ressalta que em sua trajetória teve com mais frequência momentos felizes, mas também passou por problemas. “Já vivi um pouco do lado sombrio que muitas mulheres relatam: assédio sexual, perguntas em entrevistas a respeito de filhos, pessoas assumindo que eu não teria ambição ou mobilidade por ser mulher, mas usei todas estas vivências para me posicionar e aprender”, lembra. 

“Tive lideranças muito importantes, que foram mentores não apenas na parte técnica, mas em me ajudar a compreender como navegar em diferentes ambientes, comportamentos e desafios da liderança, o que eu busco retribuir em minha atuação diária aqui no Grupo HEINEKEN, principalmente, para as mulheres”, relata a vice-presidente de Pessoas.

50% de mulheres na liderança

Em 2022 o Grupo HEINEKEN assumiu o compromisso de, até 2026, ter 50% dos cargos de liderança ocupados por mulheres. Hoje já são 37% de lideranças femininas.

“Recebemos do time global a meta de atingir 40% de lideranças sênior e o nosso CEO, Mauricio Giamellaro, nos desafiou a irmos além – falarmos de todas as posições de liderança e atingirmos a equidade real, chegando em 50%. Assim, nasceu o nosso compromisso no Brasil”, explica Raquel.

A vice-presidente de pessoas ressalta que a marca tem olhado cada vez mais para as colaboradoras internamente. Bem como, estão buscando ferramentas, como vagas afirmativas, mentorias especiais e programas de aceleração para alcançarem a meta até 2026.

“Estamos nos posicionando ainda mais como uma empresa que tem em sua agenda transversal a pauta de diversidade, equidade e inclusão ao mercado, pois queremos ser um local cada vez mais atrativo para as mulheres estarem e se desenvolverem”, finaliza Raquel.