Seja Democracia mostra que formação política é fundamental para a defesa de direitos

Programa de formação política presente em todo o Brasil é voltado para lideranças jovens da periferia

Redação

Maíra Carvalho

Seja Democracia mostra que formação política é fundamental para a defesa de direitos
Créditos: Seja Democracia
Seja Democracia mostra que formação política é fundamental para a defesa de direitos

Seja Democracia é um programa de formação política voltado para lideranças jovens da periferia, em especial para a juventude negra. O programa, que pertence à Uniperiferias, surgiu pela defesa dos direitos no contexto do impeachment da presidenta Dilma.

“Começamos a perceber que era fundamental retomar a formação política de base, que fosse capaz de interpretar a realidade brasileira, e a partir disso, organizar as energias nas periferias para ações políticas de mobilização, convencimento e combate a fake news a partir das demandas locais”, conta o coordenador nacional do Seja Democracia, Cleber Ribeiro.

Segundo Cleber, as formações focam na juventude negra periférica. A maioria possui entre 20 e 35 anos, mas não há um critério de exclusão. Ou seja, a formação pode ser feita por qualquer pessoa, de qualquer etnia, raça, gênero ou idade. O importante é ter comprometimento pela causa.

A primeira turma de formação política foi aberta em 2019, no Rio de Janeiro. Durante dois meses, por meio de encontros semanais, professores apresentaram conceitos teóricos, explicando sobre democracia, racismo estrutural, patrimonialismo, patriarcado, entre outros temas. O objetivo era pensar, junto com os jovens, como os retrocessos sociais poderiam ser combatidos em seus próprios territórios periféricos, e as maneiras para se organizar e agir.

Assim começaram movimentos locais para viabilizar cursinhos comunitários pré-vestibular, pela distribuição de cesta básica e pelo enfrentamento à COVID-19, além da formação de coletivos de mulheres negras e associações de moradores. No período das eleições de 2022, também foram promovidos espaços de debate para candidaturas progressistas nas periferias.

As formações expandiram rapidamente para outros locais, a começar por Belo Horizonte, em Minas Gerais, depois São Paulo, Bahia, Pernambuco, Maranhão e outros estados. Nesse processo, a frente conseguiu parceria com a Open Society, instituição internacional de defesa da democracia. No contexto da COVID-19, também passaram a abrir turmas no meio digital e, hoje, somam mais de 300 núcleos de formação política espalhados por todas as regiões do país. 

O programa de formação política está presente em todo o Brasil e é voltado para lideranças jovens da periferia
Créditos: Seja Democracia
O programa de formação política está presente em todo o Brasil e é voltado para lideranças jovens da periferia

De lá para cá, já foram formadas cerca de três mil pessoas em cursos de seis meses de duração. Além disso, os responsáveis pelo programa publicaram o Mapa de Formação Política, um documento em PDF gratuito sobre democracia para qualquer pessoa acessar. E vão lançar em breve o e-book “Como as Periferias Defendem a Democracia”, com 12 experiências promovidas durante as eleições para se inspirar.

Entre as demandas mais populares estão acesso à educação; fortalecimento da cultura, como, por exemplo, incentivo aos grupos de hip-hop; ocupação de espaços públicos, por meio de revitalização de parques e praças; incentivo à comunicação nas periferias, como rádios comunitárias e produção de conteúdo nas redes sociais; e principalmente, acesso à alimentação.

Há ainda a demanda do empreendedorismo: o núcleo na Paraíba, por exemplo, trabalha essa questão com as rendeiras locais. “O princípio que nos orienta é o fortalecimento da democracia, que é algo que poderia ser muito abstrato, mas que tem materialidade a partir dos corpos e da luta nos territórios pela defesa de direitos”, ressalta Cleber.

Para ele, a formação política de base deve ser contínua. Por isso, os coordenadores dos núcleos do Seja Democracia estão sempre atentos às necessidades locais para estimular novas formações. “É preciso dialogar com essas demandas para incentivar, disseminar e expandir as ações.” 

“O curso de formação política nos ajuda a entender quais são os princípios da democracia, da luta antirracista, antimachista e antipatrimonialista, para que a periferia se fortaleça com essas ideias e apareça cada vez mais como um território de direitos nas agendas políticas”, afirma Cleber.

Já foram formadas cerca de três mil pessoas em cursos de seis meses de duração
Créditos: Seja Democracia
Já foram formadas cerca de três mil pessoas em cursos de seis meses de duração

“Agora estamos em um momento desafiador, porque existe essa ilusão de que eleger um governo de esquerda é suficiente para defender a democracia. Acreditamos que garantir o Estado de Direito passa por uma luta constante. Então precisamos avançar, não dá para voltar com a normalidade de uma democracia neoliberal”, completa.

Quer apoiar essa causa?

O Seja Democracia faz parte da Uniperiferias, com publicações pela sua editora, a Periferias. Para implementar suas ações, conta com o apoio de organizações por meio de parcerias e editais e depende fortemente de doações. 

As doações podem ser feitas no site do Seja Democracia.

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Créditos: Seja Democracia

Maíra Carvalho – Lupa do Bem

Causadora de Educação