Após ataques bolsonaristas, Padre desabafa e deixa as redes sociais

Religioso denunciou as ofensas de 'católicos superpolitizados, irados e insatisfeitos' com o Papa e a Igreja

O Padre Zezinho, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, fez uma publicação em seu perfil no Facebook denunciando os ataques  bolsonaristas com calúnias e palavras de baixo calão que ele, o Papa Francisco e os bispos da Igreja Católica vêm recebendo nas redes sociais.

O religioso disse estar cansado de dar espaço para os fiéis “superpolitizados, irados e insatisfeitos”.  “O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais que preferiram o seu partido político ao catecismo católico”, lamentou.

Padre Zezinho deixa as redes sociais após ataques bolsonaristas
Créditos: reprodução/Facebook
Padre Zezinho deixa as redes sociais após ataques bolsonaristas

Padre Zezinho, que é considerado precursor da linha de padres cantores como Marcelo Rossi e Fábio de Melo, disse ainda que só voltará às redes sociais após o 2º turno da eleição presidencial, em 30 de outubro.

“Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã.
Dia 31 voltarei a conversar com os católicos serenos que ainda querem catequese espiritual e social e comportamental . Os outros já decidiram. Não querem estes livros que usamos para ensinar a fé católica”, escreveu.

Confusão em Aparecida

O desabafo foi feito logo após a visita de Bolsonaro à basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo, na quarta-feira, Dia da Padroeira do Brasil, quando bolsonaristas fizeram atos políticos durante a festividade religiosa, chegando a perseguir e ofender com palavrões jornalistas e pessoas vestidas de vermelho na frente do santuário.

Na ocasião, o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, acompanhava a missa. Dentro da basílica. também teve um princípio de confusão, com seguidores do presidente tentando entoar palavras de ordem e puxar o coro de “mito”. O padre pediu silêncio e lembrou aos fiéis que todos estavam lá para rezar e parabenizou os devotos que estavam na igreja para homenagear à Santa.

“Parabéns a você que está dentro da Basílica, que entendeu que hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida. É a Ela nossas palmas, é a Ela nossa aclamação, é a Ela nosso viva. Só temos segurança nas mãos de Deus e no colo de Maria”, afirmou.

Veja na íntegra o desabafo postado pelo Padre Zezinho:

DEPOIS DAS OFENSAS DE HOJE CONTRA O PAPA , contra os bispos,contra mim , com calúnias e palavras de baixo calão estou fechando esta página até dia 31 de outubro. O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais que preferiram o seu partido político ao catecismo católico .

São Paulo tinha razão quanto escreveu as epístolas a Timóteo e aos cristãos de Tessalônica . Não querem catequese, nem o Vaticano II, nem os documentos da CNBB , nem nenhuma orientação social e espiritual. Já escolheram ser catequizados por dois poderosos políticos brasileiros.

Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador para eles.

Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos , cujos documentos nunca leram . A Bíblia nada lhes diz . Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido . Padre bom é o que vota como eles.

Quem ajuda a dialogar com a Bíblia na mão é visto como padre inútil, ateu, comunista ou ultrapassado . Nem o Papa argentino escapa . Há 2 mil anos os escribas e fariseus e saduceus e outros quatro grupos políticos fizeram o mesmo com Jesus. Para estes religiosos radicais e ultra politizados, tudo o que ele dizia era errado.

Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã .
Dia 31 voltarei a conversar com os católicos serenos que ainda querem catequese espiritual e social e comportamental . Os outros já decidiram. Não querem estes livros que usamos para ensinar a fé católica.

Espero que estes católicos irados que desqualificam qualquer bispo ou padre que ousa ensinar um fiel a pensar como católicos,
consigam o que querem.

Querem um Brasil direitista ou esquerdista, porque está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político , social e ecumênico.