O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em sua saída do Palácio do Planalto pra conversar com jornalistas e apoiadores, não mudou o hábito costumeiro de ridicularizar a imprensa. Um dos poucos chefes de estado do mundo que não entendem o papel fundamental do jornalismo em uma democracia.

A respeito da pandemia do novo coronavírus que assola o Brasil e o mundo, o presidente afirmou que a visão do “diretor-presidente” (nas palavras dele) da Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou e começa a se assemelhar mais à visão do próprio Bolsonaro. Mas a ver é que as recomendações da OMS permanecem as mesmas: isolamento social e o máximo de higiene possível.

“Vocês viram o que o diretor-presidente da OMS falou hoje, não? Que tal eu ocupar as redes de televisão e rádio hoje à noite pra falar sobre isso? Ele disse, praticamente, em especial, os informais têm que trabalhar. Porque o que acontece, nós temos dois problemas o vírus, e o desemprego. Que não podem ser dissociados. Quando eu comecei a falar isso entraram com um processo no Tribunal Penal Internacional, me chamando de genocida. Eu, defendendo o direito de vocês levarem um prato de comida pra casa. A gente vê que ele estava um pouco constrangido, parece, mas falou a verdade. Eu achei excepcional a fala dele, e meus parabéns: a OMS se associa a Jair Bolsonaro”, disse o presidente, sendo aplaudido pelos fãs.

Após essa fala, um dos populares levantou voz e se manifestou contra a imprensa: “A gente só fica sabendo essas coisas no twitter, porque se for depender da imprensa… isso daqui são abutres, só esperando para poder ferrar com o Brasil.”

Em outro momento, um jornalista questionou sobre as orientações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que contradizem com as atitudes de Bolsonaro. “Eu não sei o que ele falou. E ninguém se esqueça que eu sou o presidente. Vamos seguir orientação da OMS. O que o presidente da OMS falou? Que esse povo humilde fica o dia todo na rua pra levar um prato de comida à noite pra casa.”

Bolsonaro ridiculariza jornalistas em frente a seus apoiadores - reprodução/Facebook

Quando terminou de falar, populares se levantaram para atacar a imprensa. “Vocês [jornalistas] ficam o tempo todo jogando os ministros contra o presidente. Só ontem, que eu fiz um vídeo no meu canal, eu mostrei isso”. Foi aí que um jornalista tentou respondê-lo, mas Bolsonaro interveio: “é ele que vai falar, não é vocês [jornalistas] não”.

Depois disso, alguns membros da imprensa começaram a se retirar, e Bolsonaro voltou a provocar, infantilmente: “Ué, vai embora? Vai abandonar o povo? É a imprensa que não gosta do povo! A imprensa que não gosta do povo”, disse.

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