Bolsonaro sobre Glenn: ‘Talvez pegue uma cana aqui no Brasil’
Após a declaração, o jornalista criticou a "tese insana" de Bolsonaro e pontuou que ele "ainda não é ditador" para ordenar prisão de pessoas
O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, 27, que o jornalista Glenn Greenwald, editor do site “The Intercept”, “talvez pegue uma cana no Brasil”. Ele fez o comentário a jornalistas durante um evento na Vila Militar, na zona oeste do Rio de Janeiro, após ser questionado sobre a portaria que permite a deportação sumária de estrangeiros.
“Eu teria feito um decreto porque quem não presta tem que mandar embora. Tem nada a ver com esse Glenn. Nem se encaixa na portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro para evitar um problema desse, casa com outro malandro ou adota criança no Brasil. O Glenn não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, declarou o presidente.
Após a declaração, o jornalista criticou a “tese insana” de Bolsonaro e pontuou que ele “ainda não é ditador” para ordenar prisão de pessoas. Glenn é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), com quem tem dois filhos.
“Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe”, escreveu no Twitter. Veja os posts:
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou: “Ao ameaçar de prisão um jornalista que publica informações que o desagradam, o presidente Bolsonaro promove e instiga graves agressões à liberdade de expressão. Sem jornalismo livre, as outras liberdades também morrerão. Chega de perseguição”.
Portaria de Moro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, estabeleceu regras para a proibição de entrada de estrangeiros, deportação e repatriação de pessoas consideradas perigosas para a segurança do país ou que tenham praticado ato contrário aos princípios e objetivos da Constituição brasileira. A mudança foi publicada no “Diário Oficial da União” desta sexta-feira, 26.