Braço-direito do ministro da Saúde, Wanderson de Oliveira pede demissão

Em carta, Wanderson afirma que "a gestão de Mandetta acabou” e que é preciso se “preparar para sair junto"

15/04/2020 12:33

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, anunciou na manhã desta quarta-feira, 15, sua saída do cargo. Considerado braço-direito do ministro Luiz Henrique Mandetta, ele diz que fica até sexta-feira na pasta.

Em carta aos integrantes da sua equipe, Wanderson afirma que “a gestão de Mandetta acabou” e que é preciso se “preparar para sair junto”. No texto, o secretário indica Gerson Pereira como seu substituto interino.

Wanderson afirmou ainda que “só Deus para entender o que querem fazer [em referência aos presidente Jair Bolsonaro]”. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, da Folha.

Braço-direito do ministro da Saúde, Wanderson de Oliveira pede demissão
Braço-direito do ministro da Saúde, Wanderson de Oliveira pede demissão - José Dias/PR

Pela manhã, Bolsonaro disse à apoiadores na frente do Palácio do Alvorada, que resolverá “a questão da Saúde” para que seja possível “tocar o barco”. “Pessoal, estou fazendo a minha parte”.



Mandetta

Em conversa com sua equipe na noite de ontem, o ministro Luiz Henrique Mandetta avisou sua equipe que o presidente Jair Bolsonaro procura um nome para substituí-lo e que sua demissão deve ocorrer ainda nesta semana.

Segundo a coluna Painel, da Folha, Mandetta avisou que combinou de esperar a escolha do substituto e de ficar até a exoneração de fato ocorrer.

Mandetta avisa equipe que será demitido e que Bolsonaro procura substituto
Mandetta avisa equipe que será demitido e que Bolsonaro procura substituto - José Dias/PR

A conversa, em tom de despedida, ocorreu logo após a entrevista coletiva no Palácio do Planalto sobre os números do novo coronavírus no país.

Ainda segundo a Folha, alguns integrantes da equipe sugeriram que o ministro pedisse demissão imediatamente, mas a ideia foi rejeitada por Mandetta.

As divergências entre Bolsonaro e Mandetta se tornaram públicas e assumiram tom de conflito aberto desde o início da pandemia da covid-19 no país.

O presidente é contrário ao isolamento social defendido pelo Ministério da Saúde em concordância com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e comunidade médica.

Bolsonaro também tenta impor, contra toda evidência científica, o uso da hidroxicloroquina como medicamento para a cura da doença.