Campanha #OBrasilNãoPodeParar contraria OMS e repete erro de Milão
Grupo de congressistas vai ao STF pedir a suspensão da campanha
O governo federal prepara uma campanha que estimula o fim do isolamento determinado pelo Ministério da Saúde e também por todos os governadores do país para combater o avanço do novo coronavírus pelo país e pede a reabertura de comércio e escolas. O slogan, “O Brasil Não Pode Parar”, repete o mote de uma campanha apoiada pelo prefeito de Milão, Giuseppe Sala, há um mês, e que gerou um pedido de desculpas público por parte do político nesta semana, ao se dar conta do que considera ter sido um erro.
Um vídeo preparado por uma agência de publicidade que atende o governo federal foi divulgado na noite desta quinta-feira, 26, pelo senador Flávio Bolsonaro (sem partido), filho do presidente.
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No vídeo, um narrador vai mencionando várias categorias profissionais, como autônomos e até mesmo profissionais da saúde, e repete o slogan “O Brasil Não Pode Parar” por diversas vezes.
“Para os pacientes das mais diversas doenças e os heróicos profissionais de saúde que deles cuidam, para os brasileiros contaminados pelo coronavírus, para todos que dependem de atendimento e da chegada de remédios e equipamentos, o Brasil não pode parar. Para quem defende a vida dos brasileiros e as condições para que todos vivam com qualidade, saúde e dignidade, o Brasil definitivamente não pode parar”, diz o texto lido pelo narrador no vídeo.
A campanha contraria orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e também segue um caminho comprovadamente mais perigoso para a expansão do contágio do novo coronavírus. Também vai na contramão do determinado pelos principais líderes mundiais. Até mesmo o presidente americano Donald Trump, que Bolsonaro procura seguir, tem pedido para que os cidadãos americanos fiquem em casa.
Nesta sexta-feira, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) afirmaram que vão entrar com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a suspensão imediata da campanha.
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Exemplo de Milão
Há um mês, quando o avanço da covid-19 estava num estágio similar ao que vivemos hoje no Brasil, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, apoiou uma campanha que seguia os mesmos passos desta que vem sendo preparada por aqui. A campanha “Milão não para” incentivava que os moradores da idade a retomar suas atividades mesmo com o risco crescente da doença.
Muitos milaneses seguiram os apelos e saíram do isolamento. O resultado? Bem, na Lombardia, região da Itália em que fica Milão, em 27 de fevereiro, na época da campanha, eram 250 os contaminados. Nesta sexta-feira, 27, são 34.889 casos confirmados, com 4.861 mortes. A Itália se tornou o país com mais casos de mortes, e em nenhum outro lugar do país morreu tanta gente como na Lombardia.
O prefeito foi a um programa de TV e disse, no ar, que foi um erro ter apoiado o fim do isolamento social. “Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas”, afirmou.