Campanha #Reciclovia pede inclusão de carroceiros nas ciclovias de SP
Na noite do último dia 2 de junho, 30 km de ciclovias receberam 500 sinalizações durante intervenção coletiva
Eles atravessam a cidade movidos a arroz, feijão e um pouco de sorte. Entre ruas e avenidas disputam as vias da cidade ao lado de motos, carros, bicicletas, caminhões e ônibus para realizar um trabalho quase invisível, contribuindo com a limpeza de 18 mil toneladas diárias de lixo produzidos na capital paulista.
Em suas pesadas carroças como instrumento de trabalho, se tornaram os principais agentes de reciclagem em todo país.
No entanto, a criação das ciclofaixas na capital paulista mais uma vez gerou um cenário de descaso e desrespeito em relação ao trabalho feito por eles.
Isso porque, apesar da criação das vias alternativas, não foi incluída explicitamente a permissão para a circulação de carroças nas ciclovias no decreto 55.790/14. A lei é responsável por autorizar o uso dessas vias por modais como bicicletas, skates e cadeiras de rodas, mas ainda deixa um ponto de interrogação em relação aos catadores.
- Coronavírus: Uso de máscara será obrigatório em todo estado de SP
- Projeto instala lavatórios públicos em bairros periféricos de SP
- Greve geral: veja situação de transportes e outros serviços em SP
- App para catadores os conecta a quem quer jogar coisas fora
Para pôr um ponto final na discussão que apenas marginaliza uma classe de trabalho sempre hostilizada, o coletivo Pimp My Carroça decidiu lançar a campanha #reciclovia que pede à Secretaria Municipal de Transportes e à prefeitura paulistana autorização do uso das ciclovias. “São mais de 16000 carroças em SP, praticamente metade da frota de táxi, e eles são ignorados em todos os aspectos. Os catadores são um público vulnerável e estamos apontando uma falha no decreto, além da falha na comunicação da Secretaria de Transportes com os órgãos competentes(CET, PM) e também com a própria mídia e população”, ressalta o artista de rua Thiago Mundano.
Mesmo com a liberação da prefeitura, o artista relata as consequências que a desinformação pode trazer “Tenho relatos de catadores que já foram hostilizados pela PM por andar na ciclovia e por isso não a usam mais, e papos com diversos agentes da CET que dizem que carroça é proibido na ciclovia”.
São Paulo acorda com intervenções ‘artivistas’ nas ciclovias
Na noite de 2 de junho, 30 quilômetros de ciclovias receberam aproximadamente 500 sinalizações com ícones de carroças, fruto da ação coletiva #RECICLOVIA.
A ação coletiva contou com dezenas de mãos que contribuíram com mais de 16 mil catadores independentes que trabalham em condições vulneráveis, ajudando a coletar parte das 20 mil toneladas de resíduos produzidas diariamente na cidade de São Paulo. Os catadores são expostos aos riscos do trânsito, sem segurança e ainda dependem da interpretação de cada agente ou cidadão para poder usar as ciclovias sem que sejam recriminados.
Muitos catadores já passaram por situações onde foram hostilizados, como é o caso do Gabriel Santos: “Nem sempre dá pra usar a calçada. A carroça é um veículo não poluente, sem bateria, não usa água; só arroz e feijão. O motorista de ônibus odeia nóis, eles gostam de tirar uma fina por brincadeira. Os motoristas de carro estão começando a respeitar mais, pelo menos na região central.”
Ajude os carroceiros a ter seu espaço na cidade. Faça parte da campanha!