Conversas mostram apoio de ministro do STF a Moro e Dallagnol
O The Intercept Brasil decidiu publicar a íntegra dos diálogos privados entre o então juiz e o procurador da Lava Jato
O The Intercept Brasil publicou no último domingo, 9, trechos de conversas comprometedores entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
Na reportagem, chats privados mostram comportamentos proibidos e antiéticos entre o então juiz e o coordenador da Lava Jato, como levar o ex-presidente Lula à condenação, o que coloca em dúvida a credibilidade dos dois.
Na noite desta quarta-feira, 12, o Intercept decidiu publicar a íntegra dos diálogos privados relevantes à reportagem, pois, segundo o veículo, “são claramente de interesse público”. As conversas ocorreram de outubro de 2015 a setembro de 2017. Os textos foram divulgados pelo editor executivo, Leandro Demori, em entrevista à Rádio BandNews.
No Twitter, o editor-chefe do site, Glenn Greenwald, explicou o motivo pelo qual decidiu disponibilizar a íntegra dos primeiro diálogos. “Quando jornalistas revelam impropriedades cometidas por funcionários públicos e eles não têm defesa, alegam que as provas foram tomadas ‘fora de contexto’. Então, acabamos de publicar o contexto das conversas de Moro e Deltan. Decida por si mesmo se essa desculpa é verdadeira”, escreveu.
Na nova sequência de mensagens, Moro e Dallagnol mostram o que seria uma conversa sobre o apoio do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), à Operação Lava-Jato.
As mensagens teriam sido trocadas em 22 de abril de 2016. Às 13h04 deste dia, Dallagnol teria enviado ao magistrado: “Caros, conversei com o FUX mais uma vez, hoje”.
Em seguida, o procurador teria prosseguido: “Reservado, é claro: o Min Fux disse quase espontaneamente que Teori (Zavascki, que morreu em 2017) fez queda de braço com o Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele, rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições (…)”.
“Em especial no novo governo”, diz Deltan em outro trecho, em uma possível referência a Michel Temer (PMDB), que assumiria a presidência duas semanas depois no lugar de Dilma Rousseff, que sofria um processo de impeachment no Congresso.
O diálogo segue com uma resposta em inglês, que teria sido enviada por Moro: “In Fux we trust”. O lema dos Estados Unidos (“In God we trust”) era utilizado por admiradores do magistrado de Curitiba (“In Moro we trust”).